Paulo Vinícius Coelho, Colunista do UOL – O futebol é vítima de violência. Não é o vilão. Isso fica mais evidenciado, quando um ônibus que leva cerca de 40 pessoas é alvo de um atentado a bomba, numa estrada que liga São Lourenço da Mata ao Recife. Pela manhã, o site da CBF tinha uma fotografia do presidente Lula, ao lado de Ednaldo Rodrigues, fazendo sinais de positivo, pela perspectiva de o Brasil ser sede da Copa do Mundo Feminina . Perto da hora do almoço, a primeira página do portal trouxe o repúdio da confederação à violência da torcida uniformizada do Sport.
Ridicularmente inútil.
As palavras certas têm de ser usadas. Não é apenas violência. Houve um atentado. Não se trata de uma bombinha. Houve tentativa de homicídio. Os autores estão identificados por vídeos, usando camisetas amarelas de uma facção uniformizada, inscritas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
A torcida uniformizada e as pessoas identificadas têm de ser processadas e respondem em todas as esferas cabíveis.
Mais do que isso, passou da hora da CBF e do Ministério da Justiça traçaram ações conjuntas. Dirigentes vão a Brasília negociar nos gabinetes do Presidente da República, da Caixa Econômica Federal, do Presidente da Câmara. Todo tipo de beija-mão. Discutem financiamentos, refinanciamentos, apoios em eleições. Nos últimos quarenta anos de violência ligada ao futebol, houve uma ou duas reuniões com o Ministério da Justiça.
E vai morrer gente.
Já houve tiro em contra o ônibus do São Paulo, no caminho do Morumbi, em janeiro de 2021. Já houve jogador ferido por pedra em ataque contra os jogadores do Bahia. Agora, bombas feriram seis jogadores do Fortaleza.
Não é força de expressão: vai morrer jogador.
E não se trata de esperar pela porta arrombada, porque ela já está estraçada há muitos anos. Perdemos a conta do número de torcedores mortos. Agora, estamos perdendo a contagem dos atendidos contra jogadores.
Atletas profissionais e dirigentes têm de ir a Brasília em audiência com o Ministério da Justiça. Mais do que isso, têm de tomar uma atitude definitiva.
Greve dos jogadores é uma das hipóteses. O que não é alternativa é esperar que alguns deles sejam assassinados.