Por: Luiz Roberto Marinho – Há 59 anos operando em Pernambuco, como se vangloria no Instagram desatualizado, a imobiliária Imobi enfrenta nada menos do que 1.300 processos na Justiça, informa o site Jusbrasil. A maior parte deles é de ações de indenização por não haver entregue o que vendeu, seja a infraestrutura de lotes de terrenos ou imóveis em condomínios.
Uma das milhares dessas ações foi movida pelo representante comercial Breno Câmara de Almeida, que em 2010 pagou R$ 69,3 mil por dois lotes de terreno em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, atualmente próximos ao estádio Arena Pernambuco, e nunca viu ser feita qualquer obra de infraestrutura, conforme o contrato que assinou com a Imobi. Abandonados, os terrenos estão hoje invadidos, relata ele.
Na ação, transcrita pelo Blog Ricardo Antunes, Breno informa que o contrato com a Imobi previa a entrega da infraestrutura em julho de 2014, com prazo de tolerância até janeiro de 2015. Como nada aconteceu até o prazo final, ele ingressou na Justiça solicitando a devolução do que havia pago, por quebra de contrato, recusando a oferta da Imobi de devolução de R$ 20,3 mil.
O então juiz da 23ª Vara Cível do Recife, Rafael de Menezes, determinou, em 27 de julho de 2020, a indenização de Breno, em princípio parceladamente e, depois da sentença ter sido reformulada, de forma integral. Ocorre que, quase quatro anos depois de proferida, a decisão judicial não foi cumprida.
“A alegação é de que as contas da Imobi estão zeradas e por isso ninguém foi indenizado. A Imobi não devolveu o dinheiro de centenas de clientes enganados, praticando crime de estelionato. Roubou o sonho da casa própria de muita gente e até agora não foi punida por isso, continuando a funcionar normalmente”, lamenta Breno de Almeida.
Segundo ele, a Justiça até agora não atendeu pedido dos seus advogados de indisponibilidade dos bens da imobiliária, de modo a tornar possíveis as indenizações requeridas por mais de mil processos judiciais.
Até avião
No site ”Reclame Aqui” pipocam várias queixas contra a Imobi. Uma delas revela pagamento de R$ 45 mil, em outubro de 2014, por um terreno no loteamento Parque das Palmeiras, em Itambé, na Zona da Mata Norte, que não registrava qualquer obra de infraestrutura em novembro de 2022. Outro terreno, adquirido por R$ 50 mil no Loteamento Bella Ville, em Tracunhaém, na Zona da Mata Norte, não foi entregue até agora.
Há queixas contra compras imobiliárias igualmente não entregues nos empreendimentos Goiana Beach Life, em Goiana, na Zona da Mata Norte, e Paudalho Eco Life, em Paudalho, igualmente na Zona da Mata Norte. No site “Reclame Aqui” está registrada até denúncia da revenda de um avião da empresa, prefixo PP-JJT, em 2018, com várias pendências judiciais não resolvidas.
Como o Blog divulgou no dia 9 último, também com exclusividade, a Imobi é acusada, em um boletim de ocorrência na polícia, de descumprir ordem judicial e invadir com cercas de arame farpado e manilhas um terreno em Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife.
A denúncia foi registrada no BO pela proprietária do Sítio Suruajá, Maria Conceição Silva. O terreno, de 20 hectares, faz vizinhança com outra propriedade, pertencente à multinacional CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), de 50 hectares, ambas cobiçadas para loteamento pela Imobi com utilização de escrituras falsas, denunciam donos dos terrenos.
A gestão da Imobi foi entregue por seu fundador, Roberto Lins, aos filhos Roberto Belem Lins de Oliveira e Maria Cristina Belem Lins de Oliveira. O site Transparência CC informa que Roberto Belem tem participação em 39 empresas, das quais 17 ativas, enquanto a irmã participa de 15 CNPJs, dos quais nove em atividade.
Em edição online de 23 de janeiro de 2013, o Jornal do Commercio registra a festa de 50 anos da Imobi, quando foi inaugurada a sede na qual está hoje, na Rua Agenor Lopes, em Boa Viagem, na Zona Sul, com pocket show do violonista e compositor Toquinho. Entre outros convidados, participaram da comemoração o então vice-prefeito do Recife Luciano Siqueira e o então presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa.
Confira o documento:
OUTRO LADO
Tentamos ouvir a Imobi, mas seu gerente, conhecido por Júlio César, não retornou nosso contato. A matéria pode ser atualizada a qualquer momento.