Os segredos dos escritores para nos ‘prender’ até o final dos textos
Existem poucos prazeres tão íntimos e deliciosos quanto se acomodar no seu lugar preferido e abrir um livro que você quer ler.
Imediatamente, você se compromete com um relacionamento com outra pessoa – o autor –, que alimenta a mesma ilusão de poder chegar ao final junto com você.
E esta é a questão: a primeira frase do livro é aquela a que a maioria dos escritores dedica mais tempo. Muitas delas são as linhas mais famosas da literatura. Alguns exemplos:
“Muitos anos depois, em frente ao pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo” (Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez).
“Em um lugar da Mancha, de cujo nome não quero me lembrar, vivia, não há muito tempo, um fidalgo, daqueles de lança em cabido, adarga antiga, rocim fraco e galgo corredor” (Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes).
“Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos, a idade da sabedoria e também da loucura; a época das crenças e da incredulidade; a era da luz e das trevas; a primavera da esperança e o inverno do desespero” (Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens).
“As famílias felizes são todas iguais; as infelizes o são cada uma à sua maneira” (Anna Karenina, de Leon Tolstoi).
“Tudo no mundo começou com um sim” (A Hora da Estrela, de Clarice Lispector).
Que vontade de continuar mencionando outros exemplos brilhantes! Mas estes são suficientes para observar que o princípio de uma história é um anúncio, uma surpresa, uma declaração de intenções.
Em detalhes
Vamos começar do princípio. Que melhor começo existe que a primeira grande história de aventuras da literatura ocidental?
Esta é a abertura de A Odisseia, de Homero:
“Conta-me sobre um homem complicado.
Musa, conta-me como ele vagou e se perdeu depois de destruir a sagrada cidade de Troia, aonde foi e a quem conheceu; a dor que sofreu na tormenta nos mares e como batalhou para salvar sua vida e guiar seus homens para casa.
Não conseguiu mantê-los a salvo.”
A primeira linha já nos adverte que esta não é uma história comum. É uma declaração simples que expõe as perguntas: por que este homem é o herói da história? E quais são as suas complicações?
“Musa, conta-me como ele vagou e se perdeu depois de destruir a sagrada cidade de Troia.” A ousada abertura convida a outras perguntas.
Por que Ulisses andou errante? Por que ele se perdeu? Quando e como ele destruiu a sagrada cidade de Troia? Por que Troia era sagrada? O que o levou a destruí-la?
Uma boa narração depende de apresentar não uma, mas uma série de perguntas que precisam de respostas… e, neste caso, as perguntas não param. Elas nos dão vontade de saber aonde ele foi e quem conheceu, saber das suas dores e dos esforços para salvar seus homens e levá-los para sua pátria.
Homero nos convida a ouvir a sua história. E até nos presenteia com um spoiler do que irá acontecer: “não conseguiu mantê-los a salvo”.
Mas até esta frase gera mais uma pergunta: por que ele fracassou? E Homero nos diz que eles morreram pelos seus próprios erros. Mas quais foram esses erros? Como morreram os homens de Ulisses?
A cada duas ou três palavras, a abertura de A Odisseia impulsiona a narração e provoca um por quê, como, quando ou onde – questões cuja resposta só a leitura pode trazer.
Esta é a essência de todas as boas narrações: elas se alimentam da curiosidade. Algo que foi um tanto problemático para a premiada escritora britânico-paquistanesa Kamila Shamsie quando escreveu seu romance Sombras Marcadas (Ed. Alfaguara, 2011).
Mundos
A história começa em um lugar e momento que, só ao mencioná-los, já revelam o que irá acontecer.
Algo assim pode ocasionar a queda da “espada de Dâmocles”, que, segundo o romancista americano Richard Ford, “pende sobre todas as nossas cabeças: que os leitores encontrem uma razão para deixar de ler”.
Ganhador do prêmio Pulitzer, Ford afirmou à BBC que “para mim, um livro de sucesso é aquele que leva o leitor do princípio até a última palavra”.
E, para consegui-lo, os escritores precisam fazer com que passemos a morar nos mundos que eles criaram.
Mas como eles ambientam seus romances em lugares que podemos tocar, cheirar, ouvir e até saborear?
Em suas obras, Shamsie nos leva de Londres até Karachi, no Paquistão; e de Nova York, nos Estados Unidos, até Nagasaki, no Japão – o cenário de Sombras Marcadas que tanto a preocupou.
Chegar à versão final da abertura do romance levou “muito tempo. Escrevi quatro ou cinco rascunhos e nenhum funcionava”, conta a autora.
Até que ela decidiu pegar o touro à unha: abriu o livro com o nome da cidade e a data precisa, sabendo que seus leitores “saberiam que iria cair uma bomba”:
“Nagasaki, 9 de agosto de 1945.
Mais tarde, quem sobreviver recordará este dia como cinza. Mas, na manhã de 9 de agosto propriamente dita, tanto o homem de Berlim, Konrad Weiss, quanto a professora da escola, Hiroko Tanaka, saem de suas casas e observam o azul perfeito do céu onde floresce a fumaça branca das chaminés das fábricas de munições.
Konrad não pode ver as chaminés da sua casa em Minamiyamate, mas, há três meses, seus pensamentos visitaram com frequência a fábrica na qual Hiroko Tanaka passa seus dias medindo a espessura do aço em micrômetros, com imagens de aulas invadindo seus pensamentos, como as recordações do voo talvez entrassem nas mentes de pássaros com asas rasgadas.“
Além de nos situar no marco histórico, Shamsie nos adianta que uma dessas pessoas irá sobreviver e a outra, não.
“Quero que você se envolva com a data, com os personagens e com seu próprio desconhecimento, porque, naquele dia, em Nagasaki, ninguém acordou pensando no que iria acontecer”, declarou ela à BBC.
Para criar seus mundos, Shamsie começa imaginando a si mesma neles. “É claro que não estive em Nagasaki em 1945, de forma que li e vi fotografias e todo tipo de coisa para tentar criar para mim esse sentido de lugar”, ela conta.
“Quando procurava Nagasaki, tudo o que via era uma nuvem em forma de cogumelo”, prossegue Shamsie. “Eu quis restaurar a cidade nas páginas. E realçar o contraste. Hiroko está de férias, existe um azul perfeito no céu e a ilusão da vitória.”
Essa tranquilidade antes da tormenta é deliberada, mas também um fato. “Esse 9 de agosto realmente começou como um dia ensolarado e, em um dado momento, o céu ficou cheio de nuvens que quase impediram o lançamento da bomba”, relembra a autora.
Mas Shamsie ressalta que “a escrita descritiva nunca se trata apenas de mostrar algo como se fosse uma fotografia. Ela deve ir além do visual. É preciso haver algo nos detalhes específicos oferecidos para começar a semear a trama do romance.”
Silêncio
E foi um detalhe sobre as mulheres que vestiam quimonos brancos com botões escuros, que Shamsie encontrou ao ler Hiroshima, do escritor John Hersey, que deu ao seu livro o nome de Sombras Marcadas e a levou a “ver uma imagem que poderia se transformar em um romance”.
“O branco refletiu o calor da bomba para longe do seu corpo e o preto o absorveu. Por isso, pavorosamente, surgiram tatuagens na pele na forma dos botões dos seus quimonos”, ela conta. “Ao ler isso, tive na cabeça a imagem de uma mulher com um quimono com botões na forma de três grous pretos nas costas. Eu quis que essa mulher se virasse.”
“Hiroko sai para o terraço. Seu corpo, do pescoço para baixo, é uma coluna de seda, branco com três grous pretos que caem sobre suas costas. Olha em direção às montanhas e tudo parece mais bonito no início dessa manhã. Nagasaki está mais bonita do que nunca. Ela vira a cabeça e vê as torres da Catedral de Urakami, que Konrad está olhando quando observa um espaço aberto entre as nuvens. A luz do sol atravessa aquele espaço, separando as nuvens ainda mais.
Hiroko.
E, então, o mundo se torna branco.“
Seguem-se duas páginas em branco no livro.
“Como escritora, existem momentos em que você reconhece que faltam as palavras.”
Diálogos
O silêncio, assim como as entrelinhas e o discurso inarticulado, certamente são indispensáveis.
“Às vezes, costuma-se dizer que existem palavras indeléveis, mas, na verdade, o silêncio depois do discurso, a mudança no silêncio ou a transformação do ambiente depois que se fica sabendo de alguma coisa é o que marca”, afirma à BBC a romancista irlandesa e ganhadora do prêmio Booker Anne Enright.
A tarefa do narrador é mostrar como tudo acontece, não só com descrições, mas também com diálogos. E, neles, sempre cabem os protestos, as interrupções, as frases fora de lugar, os insultos acidentais e o arrebatamento não articulado. Estes encontros impulsionam a história.
A boa narração depende dos confrontos. Se todos entrarem na cena com o mesmo pensamento, não tem sentido ficar para ver o que acontece.
O drama depende de que os personagens não saibam o que querem ou esperem por coisas diferentes. E o autor precisa nos surpreender com reviravoltas inesperadas, como fez Jane Austen neste trecho de Orgulho e Preconceito:
” – Oh, senhor Bennet! Precisamos do senhor com urgência. Estamos em dificuldades. É preciso que o senhor vá e convença Elizabeth a casar-se com Collins, pois ela jurou que não o fará e, se não se apressar, Collins mudará de ideia e não a irá querer mais.
Ao entrar sua mulher, o senhor Bennet ergueu os olhos do livro e os fixou no seu rosto com uma calma indiferença que a notícia em nada alterou.
– Não tive o prazer de entendê-la – disse, quando ela terminou sua ladainha. – Do que você está falando?
– Do senhor Collins e Lizzy. Lizzy diz que não irá se casar com o senhor Collins e o senhor Collins começa a dizer que não se casará com Lizzy.
– E o que eu vou fazer? Parece-me que não há remédio.
– Fale com Lizzy. Diga a ela que o senhor quer que ela se case com ele.
– Diga-lhe que desça. Ela ouvirá minha opinião.
A senhora Bennet tocou a campainha e Elizabeth foi chamada à biblioteca.
– Venha, minha filha – disse seu pai, quando a jovem entrou. – Pedi que a buscassem para um assunto importante. Dizem que Collins fez propostas de matrimônio para você, é verdade?
Elizabeth respondeu que sim.
– Muito bem; e dizem que você as recusou.
– É verdade, papai.
– Bem. Agora, vamos ao assunto. Sua mãe deseja que você aceite. Não é verdade, senhora Bennet?
– Sim, caso contrário não a quero ver mais.
– Você tem uma triste escolha pela frente, Elizabeth. A partir de hoje, você terá que renunciar a um dos seus pais. Sua mãe não quer voltar a ver você se não se casar com Collins e eu não quero voltar a vê-la se você se casar com ele.“
A linguagem é precisa. Nenhuma palavra é desperdiçada, mesmo com as repetições.
O contraponto é convertido em uma série de opostos irreconciliáveis, que termina fazendo com que a filha já não precise escolher um marido, mas sim optar entre seus pais. Fazer o leitor esperar algo de um diálogo sem que ocorra exatamente o esperado é outro pilar de uma narração convincente.
E, para que isso aconteça, é indispensável que os moradores do mundo criado pelo autor sejam quase que de carne e osso.
Personagens
Como criar personagens de ficção que pareçam reais?
Um dos segredos da narração é o reconhecimento de que todos nós podemos adotar várias identidades, como observou o poeta norte-americano Wlat Whitman na sua Canção de Mim Mesmo:
“Eu me contradigo?
Sim, eu me contradigo. E daí?
(Sou imenso e tenho multidões dentro de mim).“
Os personagens sempre podem ser mais de uma coisa. Ninguém é típico.
Eles nem mesmo precisam estar presos aos estereótipos de gênero. Um exemplo é o personagem Orlando, de Virginia Woolf, que muda de sexo no transcurso do romance (Orlando: uma Biografia).
“Orlando havia se transformado em uma mulher – era inútil negá-lo. Mas, em todo o mais, Orlando era ele mesmo. A mudança de sexo alterava seu futuro, não sua identidade.”
Alterações de identidade foram tema de narração desde a Metamorfose de Ovídio. Na versão atualizada de Franz Kafka, o personagem central chega a mudar de espécie:
“Quando Gregor Samsa acordou certa manhã, depois de um sono intranquilo, encontrava-se sobre sua cama transformado em um monstruoso inseto.”
É muito dramático, mas, em um romance, os personagens precisam mudar. Se não o fizerem, terminam sem futuro, como a senhorita Havisham do romance Grandes Esperanças, de Charles Dickens. Ela ficou presa no momento em que foi abandonada antes do casamento.
“Sentada em uma poltrona com o cotovelo apoiado sobre a mesa e a cabeça na mão correspondente, observei a dama mais estranha que já havia visto e que jamais verei.
Ela vestia uma roupa muito bela de cetim, renda e seda, toda branca. Seus sapatos eram da mesma cor. Da sua cabeça, pendia um longo véu, também branco, e seus cabelos estavam ornados com flores de núpcias, embora fossem grisalhos. No pescoço e nas mãos, brilhavam algumas joias e, na mesa, viam-se outras joias cintilando. Por toda parte, meio dobrados, havia outros trajes, embora menos esplêndidos que o vestido daquela estranha mulher.
Ela aparentava não haver terminado de vestir-se, já que só calçava um sapato e o outro repousava sobre a mesa. E, quanto ao véu, estava arrumado pela metade, não havia colocado o relógio e a corrente e, sobre a mesa coroada pelo espelho, podia-se ver algumas rendas, seu cachecol, suas luvas, algumas flores e um livro de orações, todos amontoados.
Não observei tudo imediatamente, mas pude ver muito mais do que se acreditaria, e também percebi que tudo aquilo que deveria ser branco, de fato, foi dessa cor, talvez muito tempo atrás, já que havia perdido seu brilho, assumindo tons amarelados. Além disso, observei que a noiva, vestida para casar-se, havia perdido sua cor, da mesma forma que a roupa e as flores, e que nela nada mais brilhava além dos seus olhos profundos.
Ao mesmo tempo, notei que aquela roupa vestiu, um dia, a figura arredondada de uma mulher jovem e que, agora, encontrava-se sobre um corpo reduzido a pele e ossos.”
Se a metamorfose da personagem é fundamental para a trama, o que faz em um romance de Dickens alguém que não consegue ou não quer se transformar?
“Perceba que, neste trecho tão curto, o que você vê é o que foi e o que é agora”, destaca o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2021.
“Você observa a mudança, mas ele é muito cuidadoso para mostrá-la e o faz de uma forma muito dramática”, explica Gurnah. “Ao mostrar como mudou a cor da seda, ele deixa a entender a passagem do tempo.”
Assim, nem a senhorita Havisham consegue evitar a mudança, por mais que tente. “Não, o que ela procura é deter o momento, mas, na verdade, o que está fazendo é demonstrar como o tempo passou para ela”, destaca o escritor.
Se os personagens mudam, desenvolvem-se e crescem ao longo de um romance, talvez o leitor também se transforme no processo. O prazer da ficção reside neste poder.
Ela nos permite viver fora de nós mesmos, imaginar novos personagens, novos mundos e novas maravilhas, de forma que, quando terminarmos de ler, talvez reconsideremos quem somos, em quem nos transformamos e quem ainda poderíamos ser.
Talvez este seja o maior segredo da narração de histórias.
O fim
Pouco a pouco, vamos irremediavelmente chegando à última página, muitas vezes sem querer que a história termine, mesmo estando intrigados para saber o seu final.
Parte de uma boa narração depende da capacidade de fazer conexões entre o comum e o extraordinário, permitindo a nós, os leitores, sair do cotidiano, pensar em vidas diferentes das nossas, encontrar o espaço, considerar o significado e o propósito, a ambição e a futilidade, o amor e a morte, o humor e a graça.
Mas depende também da habilidade do escritor para manter o ritmo e chegar até o final, o que pode ser fundamental para moldar nossa compreensão do que acabamos de ler. Ou talvez não tão claramente, como acontece em um dos finais mais impactantes e discutidos: o de O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald:
“E, enquanto estava ali, raciocinando sobre um velho mundo desconhecido, pensei na maravilha de Gatsby quando vislumbrou pela primeira vez a luz verde no cais de Daisy.
Ele havia percorrido um longo caminho para chegar a esta grama azul e seu sonho devia parecer tão próximo para ele que quase conseguia capturá-lo. Ele não sabia que já estava atrás dele, em algum lugar naquela vasta escuridão além da cidade, onde os campos escuros da república giravam à noite.
Gatsby acreditava na luz verde, o futuro orgásmico que, ano após ano, afasta-se de nós. Ela nos escapou, mas não importa: amanhã, correremos mais rápido, esticaremos mais os braços e, algum dia,…
Assim remamos para frente com os barcos contra a corrente, arrastados incessantemente em direção ao passado.”
O romance termina aqui, mas a curiosidade, não.
Por que Gatsby, Myrtle e George Wilson morrem? Por que Daisy volta com Tom? Por que ninguém vem ao funeral de Gatsby?
O final abrupto e pessimista deixa uma sensação de vazio e sem sentido que apresenta mais perguntas do que respostas, gerando interpretações que transformam o ponto final em reticências.
Outros finais não deixam interrogações, mas sim reflexões que os escritores parecem querer nos fazer levar conosco, como o final da romancista britânica George Eliot em Middlemarch:
“… o bem acumulado do mundo depende, em parte, de fatos que não constam na história.
O fato de que as coisas não estejam tão mal como poderiam haver ficado para mim e para você deve-se, em parte, àqueles que viveram fielmente uma vida oculta e descansam em túmulos que ninguém visita.”
Nas mãos de escritores geniais, muitas vezes, os finais são tão brilhantes e inesquecíveis quanto os inícios. Como em Ninguém Escreve ao Coronel, de Gabriel García Márquez (Ed. Record, 1980):
“A mulher se desesperou. ‘E, enquanto isso, o que comemos?’, perguntou, agarrando o coronel pelo colarinho de flanela. Ela o sacudiu energicamente.
– Diga-me, o que comemos?
O coronel precisou de setenta e cinco anos – os setenta e cinco anos da sua vida, minuto após minuto – para chegar a este momento. Ele se sentiu puro, explícito, invencível, quando respondeu:
– Merda.”
Esta reportagem é parte do Hay Festival Cartagena, um encontro de escritores e pensadores realizado na Colômbia entre 26 e 29 de janeiro de 2023.