Operações, isolamento de líderes de facções e ocupação de territórios: entenda como Pernambuco reduziu mortes violentas em maio
Estado quebrou sequência de aumento dos crimes contra a vida, mas desafio agora é manter a curva decrescente para atingir a meta do Juntos pela Segurança
Ainda distante de atingir a meta do Juntos pela Segurança, o governo de Pernambuco segue celebrando a redução das mortes violentas intencionais observada no último mês de maio. A quebra na sequência de aumento das estatísticas, segundo a gestão estadual, foi possível graças ao reforço das operações de repressão qualificada, bem como o isolamento de líderes de facções e a ocupação dos territórios mais atingidos pela criminalidade.
De acordo com as estatísticas preliminares da Secretaria de Defesa Social (SDS), 266 mortes foram registradas em maio, o que representou uma queda de 11,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 301 pessoas perderam a vida. O desafio, agora, é manter a curva decrescente para o Estado conseguir fechar o ano de 2024 com redução da violência.
No acumulado, de janeiro a maio, 1.577 pessoas foram assassinadas. O aumento é de 3,4% em relação ao mesmo período de 2023, quando 1.524 mortes foram contabilizadas pela polícia. A meta do Juntos pela Segurança é atingir uma redução de 30% nos crimes contra a vida até o final de 2026, comparando com os números registrados de 2022.
Em entrevista à Rádio Jornal, nesta terça-feira (4), a governadora Raquel Lyra afirmou que o resultado apresentado em maio é fruto do trabalho que vem sendo desenvolvido desde o lançamento do Juntos pela Segurança, em novembro do ano passado.
“A gente tem investido muito na compra de equipamentos (para as polícias), em inteligência policial, no combate ao crime organizado e nas operações de repressão qualificada. Além disso, estamos indo em cada um dos territórios para entender o funcionamento da criminalidade e, de maneira sistemática, debelar pontos de drogas e prender líderes do tráfico. Tudo isso fez com que agora em maio a gente pudesse ter um indicador importante de redução de morte violenta intencional”, declarou Raquel.
Nas estatísticas de mortes violentas intencionais estão incluídos os homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos por intervenção policial.
REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Depois de dez meses consecutivos de aumento das mortes violentas intencionais, a Região Metropolitana do Recife (RMR) também apresentou redução dessa modalidade criminosa. Ao todo, 116 assassinatos foram somados pela polícia em maio. No mesmo período do ano passado, foram 148.
Segundo a governadora, houve um trabalho focado em municípios como Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, onde o tráfico de drogas é mais intenso e há forte guerra entre grupos rivais.
“A gente sabe que não tem solução mágica, mas o trabalho tem começado a surtir efeito. A gente está indo de território a território e os números começaram a reagir. Em maio, conseguimos reduzir os índices em Jaboatão dos Guararapes, por exemplo”, disse.
Também em entrevista à Rádio Jornal, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, destacou que duas operações de repressão qualificada no Recife contribuíram para a redução das mortes. “Havia um problema na área integrada 5 (correspondente a localidades como Alto do Pascoal e Bomba do Hemetério, no Recife). Efetuamos prisões de vários criminosos com fuzis e metralhadoras”, citou.
“É importante destacar que, após essas operações, há um recobrimento de área, com reforço da presença da Polícia Militar para que uma organização rival não queira se aproveitar do momento para tomar o território e isso não gere mais mortes”, pontuou Carvalho.
Outra operação importante, apontada pelo secretário, foi a conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Pernambuco (FICCO/PE) em 14 de maio, quando foram cumpridos 25 mandados de prisão preventiva contra pessoas suspeitas de integrar três facções criminosas especializadas no tráfico de drogas, no comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de dinheiro, com atuação no Grande Recife e também em João Pessoa, na Paraíba.
Foram identificados três grandes fornecedores de entorpecentes, 15 ocupantes das funções de “gerentes” dos negócios ilícitos, além de outras pessoas ligadas às operações logísticas e financeiras das organizações criminosas.
Os três fornecedores, sendo um de João Pessoa, alimentavam os comerciantes de comunidades do Pina, na Zona Sul do Recife. Depois as drogas eram distribuídas para as outras cidades onde os grupos atuam.
ISOLAMENTO DE LÍDERES
O secretário estadual reforçou que o Estado também tem se preocupado em realizar o isolamento de líderes de facções nos presídios para tentar evitar a tão comum comunicação com quem está fora das unidades – inclusive os presos continuam tendo acesso com facilidade aos celulares, como indicam as últimas revistas realizadas em nos presídios de Petrolina, no Sertão, e em Limoeiro, no Agreste. Em ambas as unidades, revistas apreenderam aparelhos.
“Uma preocupação nossa é em realizar prisões qualificadas dos presos que têm poder de mando, que mexem com drogas e armas e mandam executar rivais. A partir do momento que um líder é preso, na própria representação ao judiciário a gente já pede que ele vá para uma unidade com grau de segurança maior, geralmente o Presídio de Itaquitinga ou de Tacaimbó”, afirmou.
SERTÃO E ZONA DA MATA REGISTRARAM AUMENTO DAS MORTES
No balanço preliminar do mês de maio, duas regiões de Pernambuco tiveram destaque negativo. No Sertão, 40 mortes foram somadas – sendo uma a mais do que o número registrado no mesmo período do ano anterior. Aumento de 2,56%.
Já na Zona da Mata, 54 pessoas foram assassinadas no último mês. Duas a mais em que maio do ano passado. Crescimento de 3,85%. Segundo a SDS, os crimes na região da Mata Sul impulsionaram esse resultado.