Opinião
Já escrevi neste espaço que as eleições municipais deste ano em Pernambuco serão uma antecipação da de 2026, quando o eleitor volta às urnas para eleger o governador. Um exemplo muito claro se observou, ontem, em Surubim, na solenidade de autorização de uma estrada.
Terra de Chacrinha e Capiba, conhecida como a capital nacional da vaquejada, Surubim é território socialista, reduto dos Farias e dos Cabral. No ato, os aliados da prefeita Ana Célia (PSB) vaiaram a governadora Raquel Lyra (PSDB). Em troca, os que estão na oposição, apostando na vitória do deputado Cléber Chaparral na disputa pela Prefeitura, quase não deixaram a prefeita falar.
As vaias e insultos em direção à prefeita foram com a mesma intensidade das dadas em Raquel. Trata-se de um fato isolado? De forma alguma. Um dia antes, no Recife, a governadora foi igualmente hostilizada, com a suspeita de que tudo tenha sido orquestrado pelos aliados de João.
E isso, certamente, irá se repetir em outros municípios com disputas acirradas, especialmente em colégios eleitorais mais significativos, como Caruaru, a terra da governadora; Olinda, por si só reduto vermelho, e vai por aí afora. Raquel não pode sair desta eleição como pato manco, enfraquecida, sem eleger muitos prefeitos, daí as investidas que passou a fazer pelo Interior.
Para ela, o pleito de 2024 tem tudo a ver com o de 2026. O mesmo raciocínio serve para João Campos, potencial adversário da governadora se vier a ser reeleito num cenário bem favorável no Recife, logo no primeiro turno, para ser liberado a ajudar aliados em municípios que porventura vem a ter dois turnos, como Caruaru, Jaboatão, Olinda e Paulista.
POLARIZAÇÃO – Em Surubim, também haverá uma eleição extremamente polarizada entre o grupo da prefeita Ana Célia (PSB), que lançou a vereadora Véia de Aprígio, e o deputado Chaparral, que começou a atuar na região através do município vizinho de Casinhas, onde elegeu e reelegeu sua esposa. Também está na disputa o ex-prefeito Flávio Nóbrega (SD), mas com poucas chances de quebrar essa polarização. Deve se manter no páreo porque brigou com Chaparral e não tem diálogo com os socialistas.
Lula na convenção de João – Na passagem de Lula pelo Recife, anteontem, o prefeito João Campos (PSB) acertou que discutiria com ele uma data para a convenção na qual pudesse estar presente. As convenções partidárias estão marcadas, oficialmente, do próximo dia 20 a 5 de agosto. Mesmo sem a presença do PT na vice, João quer Lula não apenas na sua convenção, mas em alguns atos importantes, o primeiro no final de agosto e outro entre 15 e 25 de setembro.