O número de brasileiros investigados ou condenados pelo atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 que pediram refúgio na Argentina dobrou no último mês, passando de 60 para cerca de 120, segundo estimativas de integrantes da Polícia Federal. Ao todo, são aproximadamente 180 foragidos alvos de inquéritos e ações penais envolvendo os ataques aos Três Poderes, grande parte deles estando no país vizinho.
O objetivo desses requerimentos é garantir a permanência provisória, com autorização para moradia, trabalho, estudo, além de acesso a serviços públicos, como assistência médica e social na Argentina. Todos os solicitantes alegam que estão com os seus “direitos fundamentais violados ou em risco” no Brasil por causa das investigações conduzidas pela PF em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com as investigações, ao decidirem evitar o cumprimento da pena no Brasil, os foragidos deixaram de se apresentar à Justiça, danificaram as tornozeleiras eletrônicas e buscaram foram para países como Uruguai, Paraguai, Peru e Argentina.
Apesar de Buenos Aires, capital da Argentina, ser o local onde está a maioria dos que recorreram à condição de refugiado, há brasileiros também espalhados por outras cidades como La Plata, Palermo, Códroba, Sarandí e Monserrat.
Os inquéritos apontam que, para chegar a Argentina, os foragidos pela invasão e depredação dos prédios públicos da Praça dos Três Poderes, em Brasília, usaram vias fluviais e terrestres, incluindo longos deslocamentos a pé.
Entre as rotas, há quem tenha preferido passar pelo Rio Grande do Sul, chegar ao Uruguai e de lá pegar um barco para Buenos Aires.
Outros optaram por uma viagem de 2 horas e 45 minutos feita de ferry-boat a partir do Mercado del Puerto, em Montividéu, no Uruguai. Pelo trajeto, há passagens disponíveis na internet por cerca de US$ 90, o que equivale à cerca de R$ 515.
A PF aponta ainda que alguns dos brasileiros fizeram de balsa a travessia entre Presidente Franco, margem paraguaia do Rio Paraná, e Puerto Iguazú, margem argentina do Rio Iguaçu.
Os investigadores compilam as informações coletadas também por meio de cooperação internacional com as polícias dos países vizinhos para, a partir da identificação do destino dos foragidos, fechar uma lista para envio ao Supremo Tribunal Federal (STF) e então ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça.
Com informações da Agência O Globo.