A Universidade de Brasília (UnB) fará a outorga do diploma post mortem de geólogo a Honestino Guimarães nesta sexta-feira (26), às 15h30, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB). A cerimônia vai contar com a presença de familiares do estudante. Este é o primeiro registro de diplomação póstuma da UnB.
A concessão do diploma de geólogo a Honestino Guimarães foi aprovada, por aclamação, pelo Conselho Universitário (Consuni), em 7 de junho, que também anulou o ato que desligou o estudante da UnB. A ação faz parte de um processo de reparação histórica a Honestino e tantos outros vítimas de um regime autoritário e violento a partir do golpe de 29 de março de 1964
Honestino Guimarães é um dos nomes mais importantes do Brasil na luta contra a ditadura militar e na defesa da democracia, dos direitos estudantis e da autonomia universitária. A professora Betty Almeida, contemporânea de Honestino, lembra que o processo de expulsão do estudante da UnB em 1968 foi fraudulento e injusto.
“Faltavam 11 créditos para ele completar o número de créditos necessários para concluir o seu curso. Então, a concessão do diploma de biólogo, postumamente, será um de memória, verdade, justiça e reparação para Honestino”, descreveu Betty, que estudou na UnB de 1967 a 1968, depois se transferiu para a Universidade Federal do Rio de Janeiro e concluiu o curso de licenciatura em Química.
Quem foi Honestino?
O jovem desaparecido pela ditadura nasceu em 28 de março de 1947, em Itaberaí (GO). Em 1965, Honestino Guimarães foi aprovado em primeiro lugar no vestibular para Geologia da UnB. Em 1968 foi eleito presidente da Federação dos Estudantes da UnB – ano que foi preso a partir da invasão militar na Universidade e depois expulso da academia. Entre 1968 e 1973, Honestino viveu na clandestinidade, sendo sequestrado, aos 26 anos e não mais sendo mais visto. A confirmação pública só ocorreu em 1996, mas o corpo nunca foi encontrado.
Em entrevista ao Brasil de Fato DF em março de 2023 Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães falou sobre a importância da memória e as discussões atuais do Golpe de 1964.