Por Evandro Éboli*
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a inconstitucionalidade das “emendas Pix”, aquelas que os parlamentares destinam diretamente para os cofres das Prefeituras e governos dos estados sem apresentação de projeto, de fiscalização e de controle de execução e aplicação do recurso. Nem sequer são fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Gonet entende que esse tipo de repasse gera “perda de transparência, de publicidade e de rastreabilidade” dos recursos públicos destinados pelo Orçamento da União. O procurador pede ao tribunal a imediata suspensão dos dispositivos legais que autorizam e permitem as emendas Pix.
Na ação, o PGR argumenta que essa sistemática reduz o papel do Poder Executivo na operacionalização do orçamento e representa a entrega da verba a outro ente da Federação de modo direto, sem possibilidade de fiscalização do uso dos valores. “A quantia simplesmente passa a pertencer ao ente político beneficiado pelo ato da singela transferência”, diz a ação.
Esse tipo de emenda já é alvo de contestação numa ação apresentada no STF pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e o ministro Flávio Dino já decidiu que esse mecanismo de repasse deve seguir critérios de publicidade, transparência e rastreamento
Mas o PGR argumenta ainda que há dúvida se a Abraji tem legitimidade para ajuizar a ação. Isso porque, entende o Ministério Público, o objetivo da associação não tem relação temática com o assunto questionado.
*Jornalista do Correio Braziliense