Reflexo da violência: 53 mortos no entorno do Colégio Estadual Rubén Dario
Óbitos aconteceram em quatro bairros
Por Bruno Wendel, do Correio
É sabido que a violência nas redondezas de uma escola afeta diretamente a segurança e o bem-estar dos estudantes, professores e da própria comunidade. E em Salvador, a gente sabe que a situação está crítica. São vários exemplos, mas vou citar os arredores do Colégio Estadual Rubén Dario, na Avenida San Martin, uma das mais importantes da capital.
Do dia 1º de janeiro a 7 de agosto deste ano, foram 53 pessoas mortas pela violência urbana nos quatro bairros que cercam a instituição, segundo os dados do Instituto Fogo Cruzado. A reportagem de capa do CORREIO deste final de semana mostrou que 116 alunos que tinham suas pastas estudantis no Rubén Dario foram mortos nos últimos dez anos.
A região que registrou mais óbitos foi a Fazenda Grande do Retiro, com 24 ocorrências. Um deles foi o de Mateus Santiago dos Santos, de 22 anos, na quarta-feira (7). Ele estava com um amigo quando foi baleado por dois homens numa moto na Rua Candinho Fernandes. O bairro registrou também 31 tiroteios e 21 feridos.
116 estudantes do Colégio Rubén Dario foram mortos pela violência urbana de Salvador Crédito: Marina Silva/CORREIO
Adolescente é executada próximo à lanchonete
Além de Mateus, outro caso chocou a comunidade da Fazenda Grande do Retiro. A adolescente Maria Luíza de Santana, 13 anos, estava próxima a uma lanchonete, quando homens se aproximaram e atiraram no último dia 3. Ela morreu no local. No mês de maio, ainda no bairro, Anderson Carvalho Cachoeira, de 15, foi assassinado na Rua Melo Moares Filho. Na hora, ele estava sentado na calçada e vestia a farda de uma escola estadual quando foi baleado na cabeça.
Outras três regiões fazem parte deste cenário de sangue. São Caetano é uma delas, com 15 mortos e cinco feridos em 18 tiroteios. Há uma semana, um foi baleado na Rua do Oriente. Foi socorrido, mas não resistiu.
No Curuzu, símbolo da resistência negra, André de Oliveira Sacramento de Sousa, de 23, foi encontrado com tiros na rua Direta.
Mateus Santiago dos Santos Crédito: Reprodução
Ao considerarmos que a grande maioria das vítimas é composta por jovens negros, temos aí, então, parte do extermínio que vem sendo praticado diariamente pela ineficiência do Estado em não saber lidar com o problema.
A coluna solicitou um posicionamento sobre os dados do Instituto Fogo Cruzado à Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP/BA) e à Polícia Militar do Estado (PM/BA). Até a publicação desta coluna não houve resposta.
Polícia Militar da Bahia Crédito: Rafael Martins/GOVBA