Um crime ocorrido há mais de dois anos em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, é exposto de forma explícita nas redes sociais nos últimos dias. Imagens do abuso cometido pelo anestesista Giovanni Quintella Bezerra contra uma paciente sedada que passava por um parto de cesariana têm viralizado em perfis estrangeiros das plataformas X e TikTok, algumas com centenas de seguidores.
Na época do estupro, as mesmas imagens tinham sido fundamentais para a denúncia contra o profissional de saúde. Material cujo compartilhamento, agora, também pode ser entendido como criminoso.
Bezerra foi preso e autuado em flagrante em 10 de julho de 2022 por estupro. Enquanto a paciente passava por um parto cesárea no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João Meriti, ele praticou o crime. Os outros médicos, colegas de equipe, estavam na mesma sala e realizavam o procedimento enquanto o abuso acontecia.
O crime foi flagrado a partir de uma filmagem com um celular escondido. Mulheres da equipe que trabalhava com Bezerra suspeitavam do comportamento dele em algumas cirurgias e decidiram investigar. As imagens, que demonstram claramente o abuso, foram parte fundamental do processo.
A vítima não se recordava do que tinha acontecido durante a cirurgia para o nascimento do filho. Investigações preliminares, inclusive, apontaram excesso de anestésicos.
Com as imagens do estupro viralizadas, apenas uma das publicações da rede X ultrapassava 26 mil curtidas e 17 mil visualizações, apesar de o vídeo ter sido excluído menos de 24 horas após ter sido postado. A publicação, em uma conta estrangeira com mais de 846 mil seguidores, tinha sido feita no início da tarde da última quarta-feira.
Nos comentários, as pessoas reagem assustadas com as imagens, e o crime é classificado como “repugnante”. Outros internautas, também em contas estrangeiras na rede social, compartilham conteúdos pornográficos.
Em um outro perfil, que também compartilhou o vídeo de pouco mais de um minuto, pessoas reagiram chocadas com a gravação. Uma compartilhou um link de uma matéria sobre o caso na época e, em inglês, explicou que se tratava de um crime de estupro ocorrido há dois anos e que a gravação foi realizada para fins de denúncia.
Em dezembro do ano passado, Bezerra foi proibido de exercer qualquer atividade relacionada à medicina no Brasil. Seu registro profissional foi cassado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), sem possibilidade de recorrer à decisão. O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) já havia impedido Giovanni de exercer atividades médicas em definitivo na primeira instância.
O médico está preso no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.