Deputados do PP miram Cerb em reforma administrativa de Jerônimo Rodrigues

 

De olho na reforma administrativa que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) planeja fazer após as eleições municipais, os deputados do PP na Bahia já sinalizaram a emissários do Palácio de Ondina que não têm interesse em estruturas com as quais “não possam fazer política na ponta”, ou seja, descartando pastas como as secretarias de Planejamento e de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Nos tempos áureos, quando estava na base governista por inteiro – hoje, o partido está rachado e uma parte deseja seguir no grupo do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) -, o PP chegou a ocupar as secretarias do Planejamento, de Infraestrutura Hídrica e Saneamento e de Desenvolvimento Econômico, além de comando total da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb).

“Nesse contexto, sim, valia a pena ter o Planejamento, que era uma pasta praticamente da cota do então vice-governador e hoje deputado federal João Leão (PP). Na época, ocupávamos outras estruturas simultaneamente. Mas trata-se de uma secretaria, se for apenas ela, sem peso político algum. Se for assim, é melhor para nós reivindicarmos a Cerb, no segundo escalão, porque tem mais força”, disse reservadamente um deputado estadual do PP ao Política Livre.

Atualmente, a Cerb está sob a influência do MDB. O presidente é Jayme Vieira Lima, primo de Geddel e de Lúcio Vieira Lima. O mesmo vale para a Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, a cargo da emedebista Larissa Moraes. Deputados do PP ouvidos pelo site alegaram o partido é maior do que o MDB, com seis deputados estaduais e quatro federais – os emedebistas estão em dois na Assembleia Legislativa e ocupam uma cadeira pela Bahia na Câmara Federal.

“Temos mais força política, mais representatividade e podemos colaborar de forma mais decisiva, inclusive por meio do fundo eleitoral que os deputados federais recebem na Bahia, para a reeleição do governador em 2026. Isso independentemente do resultado das eleições de 2024”, avaliou um outro deputado estadual do PP, também na condição de anonimato.

Atualmente, a Secretaria de Planejamento tem como titular Cláudio Peixoto, remanescente do governo Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil. Em tese, seria uma operação política menos complexa para Jerônimo contemplar o PP com a pasta, se houvesse interesse dos deputados nela.

Outra secretaria cogitada para abrigar o PP é a de Ciência, Tecnologia e Inovação, hoje comanda por André Pinho Joazeiro, também remanescente do governo passado. A pasta também é rejeitada pelos parlamentares pepistas se for a única oferecida.

Apesar das movimentações nos bastidores, não houve ainda uma conversa concreta sobre espaço no governo entre Jerônimo e o presidente do PP baiano, o deputado federal Mário Negromonte Júnior. Os dois devem conversar sobre o assunto após as eleições municipais. Sobre a sigla ser governo ou oposição, Mário Júnior, que tem respaldado alianças com o PT no interior nas disputas por prefeituras, tem dito que vai adotar a posição que for maioria dentro do partido.

A maior resistência para a adesão completa do PP ao Palácio de Ondina, retomando a aliança interrompida em 2022, está na figura de João Leão. O filho do parlamentar, o ex-deputado e atual secretário de Governo da Prefeitura de Salvador, Cacá Leão, também tem manifestado o desejo de que a legenda siga na oposição. Cacá, inclusive, comanda o PP em Salvador, onde os vereadores do partido estão na base do prefeito Bruno Reis (União).

Vale lembrar que tanto Cacá quanto Leão tem uma relação de proximidade com o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que no plano nacional faz oposição ao PT. Mas há pepistas baianos que costumam dizer que essa postura de Ciro não passa de “jogo de cena”.

 

Política Livre

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