União Brasil crê que Arthur Lira desistiu de Elmar para ganhar ministério

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), terá que fazer das tripas coração para convencer o União Brasil de que não traiu o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), um candidato a presidir a Casa em 2025.

Elmar era tido como o nome de Lira para a sua sucessão, da mesma forma que também figurou como o candidato da preferência do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (União Brasil-RJ).

Sentiu-se traído quando notou que Maia, na verdade, articulava para ele próprio ser reeleito em fevereiro de 2023. Acabou apoiando a eleição de Arthur Lira para o cargo, de quem se tornou cabo eleitoral e braço direito.

Rodrigo Maia terminou tão isolado e sem ambiente na Câmara e em seu próprio partido que resolveu deixar o União Brasil e nem se candidatou à reeleição como deputado pelo Rio de Janeiro.

Agora circula no partido a versão de que o líder foi da sigla foi vítima da mesma traição. Arthur Lira teria abandonado a candidatura de Elmar em troca de um ministério no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De fato, Lira havia combinado com Lula de que ambos teriam um mesmo candidato à sua sucessão.

Além de sofrer restrições do PT na Bahia, Elmar Nascimento teria outra dificuldade: seu partido já tem o candidato mais forte a presidente do Senado. Davi Alcolumbre (União-Amapá) é considerado praticamente eleito pelos colegas.

Em troca de convencer Elmar a desistir, Lira ganharia a indicação de um outro nome para a sucessão: o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), seu companheiro de partido e de caminhadas na orla Lago Sul de Brasília.

Lira teria trabalhado pessoalmente para convencer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a aceitar a indicação de Motta. De fato, ele esteve com Bolsonaro neste domingo (1º). Ao que tudo indica conseguiu a mágica de unir em torno de Motta tanto Bolsonaro como Lula – com quem esteve na semana passada.

Na segunda-feira, o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), encontrou-se com outro cacique do partido, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Pereira também era candidato a presidente da Câmara e foi convencido por Tarcísio a desistir de concorrer em favor de Hugo Motta.

Nessa mesma segunda-feira em São Paulo, o deputado encontrou-se com o secretário de Governo da gestão Tarcísio, Gilberto Kassab, que é presidente nacional do PSD. Era sua última tentativa de se tornar um nome de consenso para o comando da Câmara.

Para isso, Kassab teria que convencer o líder do PSD, deputado Antônio Brito (BA), a desistir de concorrer a presidente da Câmara. Kassab disse a Pereira que não poderia ajudá-lo.

Só restou ao deputado do Republicanos desistir da candidatura em favor do colega de partido, Hugo Motta, que conta com o apoio de Arthur Lira, de Bolsonaro e até do presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI).

Arthur Lira ficou de se encontrar, nesta quarta-feira mesmo, com Elmar Nascimento. Tentaria convencê-lo a desistir de concorrer. O único problema é a desconfiança de que ganhará um presente do governo em troca da cabeça do aliado.

O que se diz no Congresso é que o presidente da Câmara gostaria muito de ser agraciado com o Ministério da Saúde. Teria tentado o cargo logo após a eleição de Lula, mas foi vetado pelo PT. Desde então abriu guerra com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

 

Tales Faria, UOL Notícias

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