Especialistas avaliam chance de “cadeirada” mudar rumo da eleição em SP

José Luiz Datena (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo, usou uma cadeira para agredir o também candidato Pablo Marçal (PRTB), durante o debate realizado pela TV Cultura no domingo (15/9)

 

A agressão movimentou as redes sociais e foi um dos principais assuntos durante a manhã desta segunda (16/9) (Divulgação/PSDB/Youtube/Flow Podcast)

 

 

A disputa pela Prefeitura da cidade de São Paulo ganhou um novo capítulo na noite de domingo (15/9) depois de o candidato José Luiz Datena (PSDB) usar uma cadeira para agredir o também candidato Pablo Marçal (PRTB), durante o debate realizado pela TV Cultura.

 

A agressão movimentou as redes sociais e foi um dos principais assuntos durante a manhã desta segunda (16). Para especialistas ouvidos pelo Correio, existe a possibilidade do tema se tornar mais utilizado por ambos candidatos e de polarizar — ainda mais — a disputa pela Prefeitura de São Paulo.

 

Mudança na corrida eleitoral

 

Para Berlinque Cantelmo especialista em ciências criminais da Cantelmo Advogados, episódios de violência física ou verbal geralmente atraem grande atenção da mídia e das redes sociais, no cenário eleitoral.

 

“Para Pablo Marçal, se a agressão for percebida como provocada por ele, isso pode manchar sua imagem e prejudicar a campanha, especialmente em um momento em que os eleitores buscam estabilidade e liderança ética. Por outro lado, Datena pode tentar se apresentar como vítima, o que pode gerar uma onda de solidariedade e aumentar seu apoio”, destacou. Ele avalia contudo que a percepção dos eleitores dependerá de “como a narrativa será controlada nas próximas semanas”.

 

Amilton Augusto, advogado especialista em direito eleitoral, pensa similarmente, apontando que o impacto do caso na corrida eleitoral dependerá da maneira como o caso será usado por ambos.

 

“O eleitor terá que fazer uma avaliação dos candidatos em relação ao fato, ou seja, se o Marçal usará o fato para se vitimizar ou não e como o eleitor verá a questão. Pode fortalecer um ou outro, mas é cedo para afirmar quem. No campo jurídico, não há nenhuma medida que possa ser tomada com tanta eficácia e rapidez”, frisa.

 

Já para Bruno Andrade, coordenador-geral adjunto da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP), o cenário definitivamente mudará.

 

“A agressão faz gerar um debate social sobre cada um dos envolvidos e como os demais candidatos irão abordar o tema. Há uma grande polarização entre candidatos que reflete o que existe na população. Então, provavelmente a base d

o Marçal irá ficar mais aguerrida e os apoiadores do Datena podem compreender que ele só tomou essa atitude após ser xingado pelo Marçal”, argumenta o especialista.

 

Bruno ressalta ainda que, entre os eleitores moderados, há uma tendência de que esse tipo de ato afugente a escolha em ambos os candidatos. “Uma agressão física é medida extrema e não tão comum em eleições se compararmos à agressão verbal que ocorre mais vezes”, pontuou.

 

Datena será impedido de seguir na disputa?

 

Os especialistas avaliam ainda que não existem chances de Datena ser impedido de seguir na corrida à Prefeitura de São Paulo por causa da agressão. Entretanto, não descartam que ele pode sofrer punições de natureza cível ou penal.

 

“Ele (Datena) pode sofrer algum tipo de punição seja de natureza cível, por exemplo uma multa, seja de natureza penal, por exemplo, se a agressão for considerada como injúria mediante violência que tenha chegado às vias de fato, conforme art. 326, §2º do Código Eleitoral”, explica Bruno.

 

Já Berlinque fundamenta que caso a agressão gere processos legais mais sérios ou se o apresentador for diretamente envolvido em ações que desrespeitem regras eleitorais, existe uma possibilidade de impedimento, ainda que rara. “Mas, em um cenário típico, casos como esse tendem a ser explorados politicamente, sem gerar impedimentos formais”, destacou o especialista.

 

Com informações do Correio Braziliense.

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