Sua cota de profundidade chegou a apenas 25 centímetros, menor número desde 1967, quando começou o monitoramento. Diante da situação, o porto de Porto Velho paralisou suas operações.
Os dados foram apresentados no boletim de monitoramento hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Na terça (24), a cota teve uma variação positiva, e subiu para 40 centímetros.
Ainda assim, muito abaixo do que era o recorde anterior: 1,10 metro, na seca do ano passado, que até então era a pior da história.
A cota de 25 centímetros foi observada durante a madrugada de domingo para segunda (23), por volta de 1h30.
A seca prejudica o acesso à água potável nas comunidades ribeirinhas, bem como o transporte de mercadorias e mantimentos, pela falta de navegabilidade em muitos trechos.
A prefeitura de Porto Velho promete entregar mais de 15 mil fardos de água potável para 433 famílias pelos próximos três meses
Melhora ainda vai demorar
De acordo com as projeções do SGB, não há tendência de recuperação do Rio Madeira para os próximos dias.
— As previsões de chuva só indicam melhorias após o dia 1º de outubro. Até essa chuva chegar à estação de Porto Velho, os níveis podem continuar bem baixos por cerca de 20 dias. Na Bolívia, que é a cabeceira da bacia, as vazões continuam reduzindo — o pesquisador em geociências do SGB Marcus Suassuna.
Como mostrou O Globo nessa semana, a La Niña é a esperança na Amazônia. Apesar de menos intenso que o normal, o fenômeno pode ser capaz de aumentar as chuvas na parte oeste da região a partir de meados de novembro.
Até lá, a sensação é de angústia. As viagens de barcos estão mais lentas durante o dia e proibidas às noites.
O trajeto entre Manaus e Porto Velho, que dura em média de sete a oito dias de balsa, passou a ser de 18 a 20 dias.
O barqueiro Luiz Alves disse que a rota que faz de Calama, um vilarejo de Porto Velho na divisa de Rondônia com o Amazonas, até a capital do estado aumentou de 12 para 20 horas.
O tempo de viagem entre Calama e Demarcação, outro vilarejo, aumentou de uma para três horas, e o percurso não pode ser mais feito por balsas maiores. Por causa da seca no Ji-Paraná, afluente do Madeira, apenas barcos pequenos, para 15 pessoas, navegam no trecho
— Perco muito trabalho porque tem que navegar mais lento. A seca está pior do que o ano passado, e já tem problemas de abastecimento de mercadorias e de diesel nos vilarejos — conta Alves.
Porto paralisado
Desde o início da seca, principal porto de cargas de Porto Velho teve redução de 60% no transporte.
Na segunda, com um nível tão baixo do Rio Madeira, as atividades paralisaram, e só serão retomadas quando a situação melhorar.
De acordo com a Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (SOPH), responsável pela administração do porto, a crise hídrica tem prejudicado seriamente o tráfego de embarcações, resultando em diversas balsas encalhadas ao longo do rio devido à formação de bancos de areia e exposição de pedrais.