Operação Barganha: Pressão do PSD contra candidato em Ilhéus é vista como favor de Otto a candidatura petista

A decisão do PSD estadual de recomendar a retirada da candidatura a prefeito de Ilhéus de Bento Lima, depois que ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal esta manhã, revoltou segmentos do partido, além de lideranças e candidatos da legenda de outros municípios.

Primeiro, porque o próprio Lima já vinha denunciando que estava sendo pressionado pelo senador Otto Alencar, controlador do PSD no Estado, a abandonar a disputa. O movimento ajudaria a candidata do governo no município, Adélia Pinheiro, do PT.

Depois, porque quando o PSD alega que a situação enfrentada pelo candidato e o prefeito Mário Alexandre, o Marão, também alvo da mesma operação e que o apóia, afronta os “valores morais” do partido, demonstra incoerência com o posicionamento da legenda em relação a outras lideranças suas.

Os exemplos apontados são os dos candidatos Robério Oliveira, em Eunápolis, e Cláudia Oliveira, em Porto Seguro, considerados fichas sujas e que, aliás, já foram afastados dos cargos quando eram gestores, condenados e até presos acusados de fraudes milionárias em contratos públicos.

“Não é o caso de Bento Lima, que ainda está sob investigação num processo que ocorre a quase uma semana da eleição e sobre o qual ainda pairam muitas dúvidas”, disse um colega político, candidato de um município próximo, acusando Otto de ajudar a sabotar a candidatura da própria legenda para favorecer os aliados petistas.

Em nota oficial emitida à tarde, o PSD afirmou que, diante das “evidências reveladas até o momento pela investigação, que também envolve o prefeito Mário Alexandre, o PSD-BA considerada prudente aconselhar Bento Lima a retirar sua candidatura a prefeito de Ilhéus”.

Mais abaixo, o texto declara que a orientação estaria alinhada com os “princípios de ética e transparência” que o partido defende, tanto na Bahia quanto em âmbito nacional, visando preservar sua integridade e seus valores do PSD.

Por causa da referência aos valores morais da agremiação e dado o histórico do partido de benevolência com casos “mais graves” como os de Cláudia e Robério, a nota chegou ser motivo de chacota entre o grupo que se revoltou com o posicionamento da sigla.

Para um prefeito da região próxima, a obrigação do partido neste momento era prestar apoio ao candidato até que as denúncias possam ser esclarecidas e não jogá-lo aos leões, junto com o atual gestor, num processo de condenação pública antes das devidas apurações.

A operação da PF e a nota do PSD ocorrem justamente na semana em que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) vai anunciar o apoio à candidatura da ex-secretária estadual de Educação Adélia Pinheiro (PT) à Prefeitura de Ilhéus, como revelou a coluna Radar do Poder desta semana.

Jerônimo, que aguardava a desistência de Bento Lima por conta da alta rejeição, oficializa o apoio a Adélia em uma caminhada no bairro Teotônio Vilela, nesta sexta-feira (27).

Política Livre

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