Brasília vai avaliar uso de ‘pelotão ninja’ em protestos

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nessa segunda-feira (24) que o uso nas manifestações populares de um “pelotão ninja” da Polícia Militar – especializado em artes marciais e sem armas de fogo – será avaliado pelo governo federal e pelos secretários estaduais. Segundo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, a experiência no ato de sábado foi “exitosa”.

“Houve inovação em relação à tática e ao comportamento da polícia de São Paulo. Evidentemente essa tática será avaliada. Há uma ação conjunta de secretários de Segurança com o governo federal para discutirmos permanentemente a tática adequada para garantir liberdade de manifestação e coibir os abusos que têm ocorrido em protestos ultimamente”, afirmou o ministro Cardozo. No entanto, ele não quis fazer uma avaliação mais aprofundada sobre a experiência, tampouco analisar se houve excessos dos policiais.

O ato contra a Copa reuniu 2,3 mil policiais e 1,5 mil manifestantes no centro paulistano e foi a estreia do “pelotão ninja”. O comandante da Polícia Militar na região central da cidade, Celso Luiz Pinheiro, disse que a megaoperação foi um “sucesso” porque diminuiu os danos ao patrimônio (apesar de ao menos duas agências bancárias terem sido depredadas), o número de policiais e civis feridos e os confrontos com manifestantes. “A estratégia foi um sucesso. Foi quase nula a utilização de substâncias químicas e não usamos elastômero (balas de borracha)”, disse, indicando que o método deve ser aplicado nos próximos protestos.

Por outro lado, o número de pessoas detidas na noite de sábado chegou a 262, recorde em manifestações. Somados aos 135 detidos no protesto de 25 de janeiro, a quantidade de presos em atos neste ano (397) já é maior do que o total registrado em 2013, quando ocorreram 374 detenções, segundo a Secretaria da Segurança Pública.

“A PM tem toda uma estratégia de ação. Toda a ação se deu, segundo o comandante da operação, em um momento em que se iniciou a quebra da ordem (o vandalismo). O propósito inicial era de isolar as pessoas que se predispõem a atos de quebra-quebra, de dano e de vandalismo. Portanto, foi uma operação feita com esse propósito, de evitar a quebra da ordem. E foi exitosa ao nosso ver porque nós tivemos um menor número de feridos, uma quantidade muito inferior de danos e um tumulto muito menos expressivo para a sociedade”, reiterou Grella.

A nova estratégia motivou questionamentos porque muitos policiais utilizaram contra os manifestantes um golpe de arte marcial de maior contenção chamado “mata leão”. O isolamento de profissionais de imprensa foi outra queixa. “Se houve erros, nós vamos apurar”, ressaltou o secretário. (Agência Estado)

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