Ataques a ônibus ocorrem por vingança, afirma a polícia

Um prejuízo empresarial de cerca de R$ 27 milhões, 51 ônibus queimados, 37 presos e milhares de usuários afetados nas linhas principalmente das zonas leste e oeste de São Paulo. É o balanço da onda de ataques a ônibus que, desde o início de janeiro, já alcança a destruição registrada em todo o ano passado – quando 53 veículos foram incendiados na capital.

Na noite do último domingo (23) depois de 11 dias de trégua, novo ataque destruiu um veículo da empresa Santa Brígida na Rua Aleixos Jafet, 2.766, no Jaraguá, zona norte. A polícia diz que casos são vingança e descarta ligação do crime organizado. “Cada ônibus queimado custa R$ 500 mil, em média”, diz Francisco Christovam, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SP Urbanuss), responsável por 9 mil dos cerca de 15 mil coletivos na cidade.

Só neste setor, que já acumula 41 ônibus incendiados no ano, o prejuízo passa dos R$ 20 milhões. Entre os veículos destruídos há um biarticulado, que custa em torno de R$ 1,5 milhão, e um articulado, com preço na casa de R$ 1 milhão. Há ainda na conta do prejuízo outros R$ 7 milhões, que são da queima de 11 carros de empresas do transporte intermunicipal (EMTU) e de permissionárias de transporte urbano de passageiros.

Um levantamento da SP Urbanuss engloba também 28 ônibus intermunicipais depredados por outros tipos de vandalismo. No caso das permissionárias (cooperativas de transportes urbanos) há mais três veículos queimados. As empresas Aliança, Fênix e Cooper Pam também foram atingidas. As permissionárias operam 6 mil ônibus do município.

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Para o presidente do SP Urbanuss, a violência contra os carros tem explicação sociológica. “São protestos contra diversas coisas, desde enchente até ação da polícia”, diz Christovam. “Não há caso de protesto que seja contra o serviço de transportes. No entanto, eles queimam os veículos”, declara o executivo. Pelos dados do SP Urbanuss, 80% dos incêndios ocorrem após operações policiais.

Mais concentrados em bairros das zonas leste e oeste, os ataques ocorreram principalmente à noite. “Eles buscam visibilidade, querem notoriedade”, afirma Christovam. “Queimam para atrair atenção. Aí todo mundo olha para eles, para as demandas deles”, resume. “E as empresas ficam com o prejuízo porque ônibus queimado não tem seguro”, afirma.

“Cada ônibus queimado é prejuízo para a empresa, mas é prejuízo também para o usuário. Leva de três a quatro meses para que o carro seja reposto. Só em uma das empresas, a VIP, o maior grupo de transportes coletivos de São Paulo, a queima atingiu 19 ônibus. A diretoria da VIP não fala, mas funcionários admitem que o clima é de medo entre quem trabalha nas áreas mais atacadas. “Os operadores estão tensos”, confirma a SP Urbanuss. (Agência Estado)

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