Conflitos no campo: CPT vai lançar publicação em Seminário na Univasf

No dia 10 de outubro, quinta-feira, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese de Juazeiro vai realizar o lançamento do Caderno de Conflitos no Campo Brasil 2023. A publicação, organizada desde 1985 pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da CPT Nacional, traz um balanço anual dos dados das violências ligadas a questões agrárias no país. O evento contará com a presença de agentes pastorais e trabalhadores rurais que vivenciam situações de conflitos na região do Sertão do São Francisco.

O lançamento do Caderno de Conflitos será às 9h, no Complexo Multieventos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro. A atividade faz parte do 2º Seminário Política, Cultura e Ambiente, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Política, Cultura e Ambiente (PoCAm/Univasf).

O Caderno de Conflitos é uma publicação de referência nacional e internacional sobre a violência no campo no Brasil. Nesta 38ª edição, foram registrados os maiores números desde o início dos levantamentos: ao todo, foram 2.203 conflitos no campo no país. A maioria dos conflitos registrados é pela terra (1.724, sendo também o maior número registrado pela CPT), seguidos de ocorrências de trabalho escravo rural (251) e conflitos pela água (225).

Para os baianos, esta edição do documento gera ainda mais preocupação. Dentre os estados, o maior número foi registrado na Bahia, com 249, seguido do Pará (227), Maranhão (206), Rondônia (186) e Goiás (167). Os conflitos envolveram 950.847 pessoas em todo o Brasil e as principais vítimas foram os sem-terra, quilombolas, indígenas, comunidades geraizeiras e de fundo e fecho de pasto.

Para o coordenador do PoCAM/Univasf, professor Adalton Marques, discutir sobre a violência no campo é fundamental, pois um dos principais propósitos do PoCAM é problematizar os efeitos devastadores do chamado “desenvolvimento territorial” provocado pelo neodesenvolvimentismo.

“É nossa tarefa apoiar as lutas de povos e comunidades tradicionais contra a omissão e conivência dos governos executivos municipais, estaduais e federal, que precisam urgentemente realizar a titulação dos quilombos, a demarcação dos territórios indígenas, destinar terras públicas e desapropriar latifúndios para a reforma agrária, além obedecer e defender o que preconiza a Convenção 169 da OIT no que concerne à realização de consultas livres, prévias e informadas”, ressalta o professor Adalton.

No dia 10, agentes pastorais da CPT Bahia e da região de Juazeiro irão apresentar e detalhar esses e outros dados presentes no Caderno de Conflitos. O assessor das Pastorais Sociais da Diocese de Juazeiro, Roberto Malvezzi (Gogó), fará uma análise desses dados e dois trabalhadores dos municípios de Casa Nova e Sento Sé irão relatar como esses conflitos se dão na prática, no dia a dia das comunidades de nossa região. O evento é aberto ao público.

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