Foi derrota, e das grandes

Por Waldemar Borges*

Tem sido enorme o esforço da governadora para tentar transformar em vitória o que efetivamente foi o pior desempenho das últimas décadas das forças políticas do Governo do Estado, numa eleição municipal. Esse esforço, no entanto, não resiste à enxurrada de números que constatam exatamente o contrário: é estrondoso o fracasso amargado pelo Campo das Princesas no último dia 6.

Vamos à primeira e mais irrespondível evidência: o PSB, excluindo a votação de João Campos no Recife, teve mais votos que o PSDB em todo estado, incluindo a votação de Daniel Coelho (que nem é do PSDB).  Se incluirmos a votação de João, o PSB dobra a votação recebida pelo PSDB em todo Pernambuco.

Para sermos mais exatos, abaixo está a tabela com a colocação das cinco maiores votações registradas nesse último pleito municipal:

1. PSB, com 1.404.526 votos;

2. João Campos, com 725.721 votos;

3. PSB, no resto do estado (excluindo Recife), com 678.805 votos;

4. PSDB em todo o estado (incluindo a votação de Daniel), com 648.064 votos;

5. PSDB em todo estado, (excluindo a votação de Daniel), com 618.276 votos.

Esses números não deixam espaço para dúvidas sobre o lado escolhido pelos pernambucanos no domingo passado. Mas, há ainda outras tantas evidências apontando nesse mesmo sentido.

Por exemplo, dos partidos que saíram vitoriosos nos 10 maiores colégios eleitorais do estado, 6 fazem parte do campo da oposição (Recife, Petrolina, Cabo, Camaragibe, Garanhuns, Vitória), 1 é da base de apoio da governadora (Caruaru) e 1 se declara independente. Os 2 outros restantes, Olinda e Paulista (que, aliás, a governadora já incluiu nas suas contas para tentar “construir” um número menos desfavorável na sua matemática), estão indo para o segundo turno.

Poderíamos seguir trazendo mais números e evidências para demonstrar o tamanho da derrota sofrida pela governadora. Mas, para não nos alongarmos muito, vamos fechar essas constatações com o desempenho do seu candidato a prefeito no Recife.

A governadora escalou um secretário e uma secretária, ou seja, gente do seu primeiro time, para protagonizarem um vexame eleitoral poucas vezes visto na história política de Pernambuco. A pífia votação de Daniel, se nenhum outro número houvesse, já seria suficiente para dar a dimensão do “prestígio” do governo nessas eleições. Foi o pior resultado de um candidato apoiado por um governador, ou governadora, nas últimas décadas, pelo menos no nordeste brasileiro. E, sejamos justos, isso não pode ser debitado apenas à má performance de Daniel. Com certeza refletiu bem mais o desastre e a profunda desaprovação de Raquel no eleitorado recifense.

Concluindo: seja no conjunto dos municípios do estado, nos principais colégios eleitorais ou na capital, quem foi às urnas deixou claro de que lado está. Querer construir narrativas que ignorem essa realidade é, mais uma vez, tentar menosprezar a inteligência do povo. E isso só afasta mais o Campo das Princesas do sentimento da gente pernambucana.

*Deputado estadual 

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