Criança que sofre bullying após ser exposta por Pablo Marçal na TV como “analfabeta” agora é espancada em escola
Rosana revelou que só conseguiu enviar o filho para a escola em duas ocasiões desde o incidente, mas que agora não quer mais arriscar
O menino de 11 anos que foi exposto por Pablo Marçal (PRTB), ex-candidato à Prefeitura de São Paulo, nas redes sociais e em um programa de TV, por “não conseguir escrever”, foi vítima de agressão em sua escola na última terça-feira (8). De acordo com o portal Metrópoles, o garoto, que cursa o 7º ano, relatou que um aluno mais velho, do 9º ano, o chamou de “analfabeto” e, após ele reagir ao insulto, foi agredido com um soco no rosto.
A mãe do menino, Rosana, contou que após o episódio, tem evitado mandar o filho para a escola por causa da vergonha que ele sente. Segundo ela, essa não foi a primeira vez que ele sofreu com as consequências das declarações de Marçal, que ganharam grande repercussão nas redes sociais. “É capaz de meu filho morrer na escola”, desabafou a mãe, temendo pela segurança do garoto.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), se manifestou em nota repudiando “qualquer ato de violência dentro ou fora do ambiente escolar”. A SME informou ainda que o agressor foi suspenso até o dia 21 de outubro e que medidas de acolhimento estão sendo adotadas para os dois estudantes envolvidos. Psicólogos e psicopedagogos do Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA) estão acompanhando o caso, e a escola EMEF Marili Dias promete reforçar atividades voltadas para a promoção de uma cultura de paz.
Rosana revelou que só conseguiu enviar o filho para a escola em duas ocasiões desde o incidente, mas que agora não quer mais arriscar. Além do sofrimento do menino, ela lamenta os impactos na vida familiar. Segundo a mãe, até o filho mais velho está sendo afetado pelos ataques que o irmão vem recebendo. “Minha vida está um inferno depois que o Marçal divulgou aqueles vídeos”, afirmou.
Relembre o caso
O episódio que gerou todo o constrangimento ocorreu no dia 25 de setembro, durante uma agenda de campanha de Pablo Marçal na zona norte de São Paulo. Durante uma caminhada, Marçal pediu a crianças que estavam presentes que assinassem o gesso em seu braço, que ele vinha usando após uma lesão sofrida em um debate na TV. Ao pedir que o menino de 11 anos escrevesse “Morro Doce”, nome do bairro onde estavam, percebeu que a criança tinha dificuldades para escrever e resolveu soletrar as palavras para ele. Toda a cena foi gravada e compartilhada pelo candidato em suas redes sociais, e o caso ainda foi mencionado em entrevistas na TV.
Marçal aproveitou a ocasião para criticar o que chamou de “péssimo ensino no Brasil”, usando o caso do menino para ilustrar suas críticas. Em um dos vídeos, ele declarou: “Poxa, mano, um garoto de 11 anos de idade não está conseguindo escrever”. A exposição, no entanto, trouxe efeitos negativos para a criança e sua família, que relataram ao Metrópoles que o menino passou a ser alvo de chacotas e humilhações por parte de colegas e conhecidos.