Réu pelo feminicídio da jovem Maria Clara Adolfo de Souza, de 21 anos, morta a tiros em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, o soldado da Polícia Militar João Gabriel Tenório Ferreira, o Padre, de 25, também é acusado de estuprar uma mulher de 38 anos. O caso é investigado pela Polícia Civil.
A vítima decidiu denunciar o crime sexual após a repercussão do caso de homicídio de Maria Clara. O depoimento, obtido pelo Diario de Pernambuco, foi prestado na delegacia em agosto e deu origem a um inquérito para apurar o estupro, ainda em andamento.
Em nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) confirma a investigação, em curso na 2ª Delegacia de Atendimento à Mulher (Prazeres), mas não informa se o PM já foi indiciado pelo abuso. “Mais informações não podem ser divulgadas para não atrapalhar o curso das diligências”, diz a pasta, em nota.
João Gabriel está preso preventivamente no Centro de Reeducação da PM (Creed), em Abreu e Lima, também na Região Metropolitana. Questionada pela reportagem, a defesa do PM não respondeu sobre a acusação de estupro.
Estupro
No depoimento, a vítima relata que chegou a ter uma relação consensual com João Gabriel, em meados de 2022, mas se arrependeu porque o PM a teria tratado como “objeto” e mantido relação “com muita agressividade”.
Já após esse episódio, a mulher teria aceitado um convite para encontrar outro rapaz, que é amigo do PM, e foi surpreendida pela presença de João Gabriel ao chegar ao local.
Segundo o depoimento, o PM não aceitou a recusa da vítima para fazer sexo e disse que ela “tinha que deixar de frescura”. Em seguida, João Gabriel a teria agarrado e forçado a relação, praticada sem consentimento, de acordo com a vítima.
À polícia, a mulher também alega que tinha medo do soldado e que já o teria visto exibindo a arma na cintura “para impressionar a vítima”.
Feminicídio
João Gabriel responde na Justiça por matar a ex-namorada Maria Clara, que estava grávida dele e se recusava a fazer aborto, segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O PM estava noivo de outra mulher.
Maria Clara foi morta perto de casa, na calçada da Rua Belo Jardim, no bairro Socorro, na noite de 24 de julho de 2024. Para a acusação, o assassinato foi cometido por motivo fútil, sem chance de defesa da vítima e por razões de gênero.
A arma usada no crime havia sido emprestada por outra policial – que alega ter sido enganada pelo colega de farda.
A investigação descobriu, ainda, que o PM teria tentado envenenar a jovem antes de assassiná-la a tiros. Para isso, o réu misturou “chumbinho” em um pote de açaí, de acordo com a denúncia.
À Justiça, João Gabriel nega ter cometido o feminicídio e alega inocência. O Diario procurou, na tarde de quinta-feira (10), o advogado que representa o réu, mas não obteve resposta.