Opinião
A decisão monocrática do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, de tornar sem efeito a eleição de novembro de 2023, que antecipou a reeleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Pernambuco, estava escrita nas estrelas, mas ainda demorou muito, quase um ano. Não foi por falta de aviso. O presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte, aconselhou o presidente Álvaro Porto (PSDB) a esperar o julgamento de uma Adin – Ação Direta de Inconstitucionalidade – que estava prestes a entrar na pauta do STF.
Mas Porto nem quis saber. A sinalização de que o resultado iria virar um castelo de areia foi dada na semana passada, com a anulação da também antecipada reeleição para Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Sergipe. O voto isolado de Dino tende a ser referendado pelo pleno do STF tão logo a matéria entre na concorrida parada corte suprema, o que, convenhamos, agora deve ser bem mais rápido.
Mesmo diante de tamanho constrangimento, o presidente da Alepe não corre nenhum risco de perder o poder soberano do Legislativo. Se a nova eleição fosse marcada para hoje ou dezembro, conforme reza o calendário, Porto seria reeleito folgadamente, num cenário que, provavelmente, a governadora Raquel Lyra (PSDB), com quem vive entre tapas e beijos, sequer pensasse em apresentar um nome da sua confiança, dentro da Casa, para enfrentá-lo.
Já não se pode dizer o mesmo, entretanto, em relação aos demais cargos, especialmente a Primeira-Secretaria. Nos corredores da Casa, o que se diz é que há uma insatisfação latente com o desempenho do deputado Gustavo Gouveia (SD), irmão do presidente da Associação Municipalista de Pernambuco, Marcelo Gouveia, prefeito de Paudalho. Tudo pela forma como trata os colegas de parlamento.
Com as eleições municipais, esse azedume piorou. Há informações de que o grupo Gouveia invadiu bases políticas de vários deputados, que, insatisfeitos, diante da decisão de Flávio Dino, encontraram a forma de dar o troco, estimulando uma candidatura para concorrer com Gustavo.
KAIO, O CONCORRENTE – O nome mais ventilado para disputar a Primeira-Secretaria é o do deputado Kaio Maniçoba, da bancada do PP na Casa, que já partiria, no cenário de hoje, com um mínimo de 20 votos, incluindo os 11 do seu partido. Para ser eleito, precisa de 50% mais um dos votantes, ou seja, 25 votos. “O PP tem todo direito de disputar”, diz o presidente do diretório estadual, Dudu da Fonte, que, desde ontem, analisa os cenários e observa que o quadro do seu partido que agrega mais é o de Kaio.
Por: Magno Martins