Na Bahia, em 12 anos mulheres viram maioria dos chefes de família
No Censo de 2022, pela primeira vez, as mulheres foram a maioria das pessoas apontadas como responsáveis pelos domicílios baianos
Em 2022, segundo o Censo Demográfico, havia na Bahia 5.094.738 unidades domésticas, que são conjuntos de pessoas que vivem em um mesmo domicílio particular e têm relação de parentesco ou convivência entre si. Esse número (que coincide com o de domicílios particulares) aumentou 24,1% em relação ao Censo de 2010, quando era de 4.105.494 – o que representou mais 989.244 unidades domésticas em 12 anos, no estado.
No Censo de 2022, pela primeira vez, as mulheres foram a maioria das pessoas apontadas como responsáveis pelos domicílios baianos. Elas chefiavam 2.599.921 unidades domésticas, 51,0% do total no estado, frente a uma participação de 39,9% em 2010.
Ao mesmo tempo em que o total de unidades domésticas cresceu, a média de pessoas moradoras em cada uma delas diminuiu, de 3,4 em 2010, para 2,8 em 2022. Mas, além disso, houve outras mudanças importantes na estrutura dos arranjos domiciliares, nos 12 anos que separam os dois últimos Censos. Em 2022, na Bahia, mulheres passaram a ser maioria entre as pessoas responsáveis pelos domicílios (51,0%)
A proporção de domicílios chefiados por mulheres era maior na Bahia do que no país como um todo, onde, em 2022, as mulheres foram apontadas como responsáveis por 49,1% do total de unidades domésticas (35.631.098 de 72.522.372). Entre os estados, a proporção baiana ficava na 9ª colocação, com Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%) e Maranhão (53,0%) liderando.
Em 2010, nenhuma das 27 unidades da Federação tinha a maioria dos domicílios chefiados por mulheres. Em 2022, 10 delas já viviam essa realidade, dentre as quais apenas o Rio de Janeiro (com 52,3%, o 6º) não era do Norte-Nordeste.
Salvador é 3ª capital em percentual de mulheres chefes de domicílios (55,8%) – Também em Salvador as mulheres passaram a ser maioria entre as pessoas responsáveis pelos domicílios, em 2022. Elas foram apontadas como chefes em 55,8% das unidades domésticas (ou 535.069 de um total de 959.423), o 3º maior percentual entre as capitais brasileiras, empatado, no arredondamento, com o de São Luís/MA (55,8%) e muito pouco abaixo dos verificados em Fortaleza/CE (55,9%) e Recife/PE (55,9%).
Em 2010, as mulheres eram responsáveis por 46,3% dos domicílios soteropolitanos, 7ª maior proporção entre as capitais, na época. Naquele ano, nenhuma capital tinha maioria dos domicílios com mulheres como responsáveis, ao passo que, em 2022, 21 das 27 já apresentavam essa realidade.
Na Bahia, além de Salvador, outros 187 municípios tinham a maioria dos domicílios sob responsabilidade de uma mulher, em 2022, totalizando 188 ou 45,1% dos 417. A ocorrência majoritária da chefia feminina nos domicílios teve um aumento muito expressivo no estado frente a 2010, quando havia sido verificada em apenas 6 dos 417 municípios baianos (1,4%).
Em 2022, na Bahia, os municípios com as maiores proporções de domicílios chefiados por mulheres eram Barrocas (63,6%), São Francisco do Conde (62,1%) e Mirangaba (60,6%). No outro extremo, a chefia domiciliar feminina era menos frequente em Tabocas do Brejo Velho (30,0%), Pindaí (30,0%), Baianópolis (30,5%) e Brejolândia (30,7%).
Em 2022, domicílios chefiados por pessoas pretas passaram a ter a 2ª maior participação na Bahia – Na Bahia, entre 2010 e 2022, também cresceu a participação dos domicílios que tinham pessoas pretas como responsáveis, que passaram a representar o segundo maior grupo entre as unidades domésticas do estado.
Em 2022, 1 em cada 4 domicílios na Bahia (25,0% ou 1.273.032, em números absolutos) tinha como responsável uma pessoa de cor preta. Essa proporção aumentou frente a 2010, quando era de 19,9%, e ultrapassou a de domicílios com responsável branco, que era 22,3% em 2010 e passou a 18,6% em 2022.
Na Bahia tinha, em 2022, a maior proporção de domicílios com responsáveis de cor preta entre os estados brasileiros, mais do que o dobro da verificada no Brasil como um todo, onde 11,7% dos domicílios tinham responsáveis pretos.
Os domicílios com responsáveis pardos continuavam, porém, majoritários na Bahia (55,7% em 2022, frente a 56,2% em 2010), enquanto os chefiados por indígenas (0,6% em 2022 e 0,5% em 2010) ou amarelos (0,1% em 2022 e 1,2% em 2010) eram menos representativos no total. Nacionalmente, a chefia parda predominava (em 43,8% dos domicílios), seguida pela branca (43,5%).
Em 2022, Salvador também era a capital com maior proporção de domicílios cuja pessoa responsável era de cor preta (35,6%). A participação cresceu frente a 2010, quando era 29,7%, e se manteve como a segunda maior no município.
Dos 417 municípios baianos, 7 tinham a maioria dos seus domicílios chefiados por pessoas pretas, em 2022, liderados por Antônio Cardoso (55,4%), Ouriçangas (53,8%) e Cachoeira (52,5%). As menores proporções de domicílios com responsáveis da cor preta estavam em Mirante (5,0%), Dom Basílio (5,0%), Caetanos (5,0%) e Presidente Jânio Quadros (5,3%).
Entre 2010 e 2022, domicílios sem presença de filhos foram os que mais ganharam participação – A redução da média de moradores por unidade doméstica na Bahia, entre os Censos de 2010 e 2022 (de 3,4 para 2,8), se deu, em grande parte, pela queda da natalidade, fenômeno que também se reflete no ganho de participação dos arranjos domiciliares em que não há a presença de filhos, no estado.
Em 2022, embora os arranjos domiciliares em que havia ao menos um/a filho/a ainda fossem majoritários, representando 55,5% do total, eles perderam participação frente a 2010, quando eram 67,0% do total. Por outro lado, os arranjos sem presença de filhos, que representavam 33,0% em 2010, passaram a ser 44,5% em 2022 (4 em cada 10)
Dentre os arranjos com filhos, o que mais perdeu participação, na Bahia, foi o “tradicional” casal com filho(s) de ambos, de 39,8% do total em 2010 para 29,6% em 2022. Os arranjos em que havia um casal e ao menos um/a filho/a somente da pessoa responsável ou do/a cônjuge (que indicam famílias reconstituídas) passaram de 8,8% do total em 2010 para 7,0% em 2022. E apenas os arranjos monoparentais, formados pela pessoa responsável sem cônjuge e com filho(s), que incluem as mães solo, tiveram um ganho de participação muito discreto, de 18,4% em 2010 para 18,8% do total em 2022.
Por sua vez, os casais sem filho(s) passaram de 14,1% para 18,2% do total de arranjos domiciliares, na Bahia, entre 2010 e 2022. Numericamente esse grupo cresceu 59,8% nesse período, de 579.441 em 2010 para 926.025 em 2022. Já os demais arranjos, que podem ser pessoas sozinhas, com outro tipo de relação de parentesco ou que não sejam parentes, ampliaram sua participação de 18,9% em 2010 para 26,3% em 2022. Esse contingente cresceu 72,4%, de 77.580 arranjos em 2010 para 1.340.911 em 2022.
No Brasil como um todo, em 2022, os arranjos domiciliares com presença de filho(s) representavam 54,3% do total, frente a 65,6% em 2010, enquanto os arranjos onde não havia filho(s) aumentaram sua participação de 34,4% para 45,7%, no mesmo período.
Em 2022, mães solo eram 16,5% dos arranjos domiciliares na Bahia – Na Bahia, em 2022, 16,5% dos arranjos domiciliares eram formados por mulheres com filho(s) ou enteado(s) sem cônjuge, as chamadas mãe solo, o que significava 839.092 mulheres nessa condição.O estado tinha a 4ª maior proporção de arranjos domiciliares com mães solo, no país.
Nacionalmente 14,2% das unidades domésticas eram formadas por mães solo (10.321.127). As maiores participações desse arranjo no total de unidades domésticas estavam em Sergipe (17,8% eram de mães solo), Amapá (17,7%) e Pernambuco (16,8%). A Bahia vinha em seguida. No outro extremo, Santa Catarina (10,2%), Mato Grosso (11,4%) e Rondônia (11,9%) tinham os menores percentuais de mães solo entre as unidades domésticas.
O arranjo familiar de mulher com filho(s) e sem cônjuge era ainda mais comum em Salvador, correspondendo a 18,2% do total de unidades domésticas, o que significava 174.751 mulheres na condição de mãe solo, no município, em 2022.
Embora mais elevada do que no estado em geral, a proporção soteropolitana era a 6ª entre as 27 capitais, empatada, no arredondamento, com as de Fortaleza/CE (18,2%) e Rio Branco/AC (18,2%). Macapá/AP (19,4%), São Luís/MA (19,2%) e Belém/PA (19,2%) lideravam, enquanto as menores percentagens estavam em Florianópolis (11,3%), Curitiba/PR (13,0%) e Goiânia/GO (13,8%).
Dentre os 417 municípios baianos, 124 tinham a participação de mães solo no total de arranjos domiciliares maior do que no estado como um todo (16,5%), o que significava 29,7% do total (ou 3 em cada 10 municípios).
Cardeal da Silva (22,7%), São Francisco do Conde (22,6%) e Tanquinho (21,5%) tinham as maiores proporções de mães solo entre os arranjos domiciliares. Tabocas do Brejo Velho (9,2%), Anápolis (9,6%), Baianópolis (9,7%) e Feira da Mata (9,9%) eram os únicos municípios baianos com menos de 10,0% de mães solo no total de unidades domésticas.
Em 2022, a Bahia tinha a 2ª maior proporção de domicílios onde não moravam casais (45,1%) – Na Bahia, em 2022, os casais (responsável pelo domicílio mais cônjuge), com filhos ou não, estavam presentes em 54,9% dos arranjos domésticos, somando um total de 2.795.444. Isso quer dizer que em 45,1% das residências baianas (2.299.294) os arranjos domiciliares não envolviam casais.
A Bahia tinha o 2º maior percentual de domicílios onde não moravam casais, dentre as 27 unidades da Federação, empatada com o Distrito Federal e abaixo apenas do Rio de Janeiro (47,8%). No Brasil, não havia casais em 41,9% dos arranjos domiciliares. Santa Catarina (35,8%), Rondônia (36,8%) e Pará (37,1%) apresentavam as menores proporções.
Na Bahia, o número de arranjos domiciliares sem casais cresceu 50,0% (mais 766.340, em números absolutos) frente a 2010, quando essa era a situação de 1.532.954 unidades domésticas, que representavam 37,3% do total existente no estado, à época. Por outro lado, o total de domicílios com presença de casais no estado aumentou bem menos (8,7% ou mais 222.904), no mesmo período.
Salvador era, em 2022, a capital brasileira com a maior proporção de domicílios cujos arranjos não envolviam casais: 53,1% do total ou 509.115, em números absolutos. Além da capital baiana, Porto Alegre/RS (52,6%), Belo Horizonte/MG (51,0%) e Rio de Janeiro/RJ (50,8%) também já tinham a maioria de suas unidades domésticas com arranjos sem presença de casais.