Caetano corrige questão do Enem que cita suas canções, mas resposta diverge do gabarito

A dúvida abre margem para o Inep considerar a anulação da questão ou aceitar um duplo gabarito

Redação
Foto: Reprodução/ Redes Sociais

 

Uma questão de Linguagens da prova do Enem realizada, no último domingo (3), que trazia uma crônica com referências a músicas do cantor baiano, Caetano Veloso, tem gerado divergências nas respostas. Para ele próprio, a resposta correta era a “A”. No entanto, alguns professores ouvidos pelo G1 Bahia afirmam que a letra “C” também está correta.

Na crônica, a escritora Tati Bernardi menciona seu nervosismo ao notar que já escreveu textos com o termo genérico “coisa”. Em um tom bem-humorado, ela faz essa reflexão de maneira metalinguística: emprega a palavra 11 vezes, incluindo cognatos (vocábulos que têm etimologicamente uma origem comum), como “coisar” e “coisinha”. Em todos os momentos, há referências a versos cantados por Caetano.

Segundo Eduardo Calbucci, professor do Anglo, esse uso reiterado de “coisa” contribui para a progressão textual e para a unidade temática do texto, dando à palavra uma função poética e destacando seu papel como um “termo coringa”.

E isso poderia fundamentar a alternativa C, que foca na repetição da palavra e no seu impacto na estrutura do texto (“reiteração, marcada pela repetição de um determinada palavra e de seus cognatos”).

Contudo, Bernardi também faz referências diretas a quatro canções de Caetano Veloso: “Qualquer Coisa”, “Sampa”, “Lindeza” e “Samba de Verão”. Como essas músicas contêm a palavra “coisa”, seu uso na crônica estabelece uma intertextualidade relevante para o desenvolvimento e a coesão temática, justificando também a alternativa A (intertextualidade, marcada pela citação de versos de letras de canções”).

Por isso, o professor sugere que as duas opções sejam consideradas corretas (ou que o Inep anule a pergunta). “O gabarito oficial provavelmente apontará a alternativa A (intertextualidade), mas, dada a estrutura da questão, a opção C também seria aceitável. Isso abre margem para o Inep considerar a anulação da questão ou aceitar um duplo gabarito”, diz Calbucci.

Veja a postagem de Caetano:

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