De sucesso no Fantástico a diagnóstico de demência: documentário resgata a trajetória do jornalista Maurício Kubrusly

“Kubrusly: mistério sempre há de pintar por aí” abre mostra de cinema no RN e chega na Globoplay em dezembro

Por: Anna Luiza Santo

Cena do documentário

A vida e a carreira do repórter Maurício Kubrusly, hoje com 79 anos, será narrada no documentário “Kubrusly: mistério sempre há de pintar por aí”, que chegará no dia 4 de dezembro na Globoplay. O jornalista, diagnosticado com demência frontotemporal, atualmente mora no sul da Bahia e não se recorda mais da sua carreira e do que produziu e vivenciou na televisão brasileira.

Desde os anos 70, Kubrusly trabalhava como crítico musical, comandou programas de rádio, editou revistas e ainda se lançou na TV em quadros do Fantástico. Ao encontrar anotações antigas em seus cadernos, Kubrusly revisita a sua própria história que não ocupa mais a sua mente devido a demência. “Eu fiz muita coisa na vida”, confessa surpreendido no documentário.

A demência também fez com que Kubrusly tenha esquecido de grande parte das pessoas que passaram por sua vida. A única que ele ainda reconhece é a esposa e arquiteta Beatriz Goulart, que dança com ele em uma cena do documentário em que Gilberto Gil surge tocando violão e cantando “Esotérico”, entoando o verso que leva o nome do filme: “Não adianta nem me abandonar/ Porque mistério sempre há de pintar por aí.”

Nele, Gil também relê em voz alta um texto de Kubrusly falando de “ousadas e férteis inovações da arte de Gil”. Gil dispara: “Você que escreveu isso.” “Eu?”, surpreende-se Kubrusly. “Foi você, mas não foi você”, responde o baiano.

Antes de chegar no streaming, o documentário é o escolhido para a abertura da Mostra de Cinema de Gostoso, que inicia nesta sexta-feira (22) em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. Em entrevista ao jornal O Globo, o diretor da Mostra e cineasta Eugenio Puppo, elogia a sensibilidade, respeito e delicadeza do filme.

“Maurício Kubrusly marcou a TV brasileira com uma personalidade própria e um jeito irreverente de fazer reportagem. Ele sempre deu muita atenção à cultura, destacando músicos e bandas interessantes que surgiam, sobretudo, em São Paulo.”

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