Policiais presos em São Paulo foram delatados por Gritzbach, assassinado no Aeroporto de Guarulhos
Denúncias revelam esquema de lavagem de dinheiro e corrupção
De acordo com informações do MP-SP e da Polícia Federal, a investigação teve início após denúncias feitas pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que também é conhecido como delator no caso do Primeiro Comando da Capital (PCC). Gritzbach relatou em seu depoimento que foi pressionado por policiais para pagar R$ 40 milhões em troca do arquivamento de seu nome em um inquérito que investigava seu envolvimento em um duplo assassinato. Ele foi assassinado a tiros de fuzil em 8 de novembro no aeroporto internacional de Guarulhos, apenas oito dias após denunciar as práticas criminosas à Corregedoria da Polícia Civil.
Segundo o empresário, as exigências de pagamento foram feitas pelo delegado Fábio Baena e o investigador Eduardo Lopes Monteiro, ambos atuando no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Gritzbach afirmou que, durante a investigação sobre as mortes de dois integrantes do PCC, Baena e Monteiro receberam R$1 milhão em suborno por meio de César Trujillo, empresário dono de uma loja no Jardim Anália Franco, zona leste da capital paulista. O dinheiro foi entregue em um restaurante chamado Sonora.
Além disso, o empresário detalhou que foi sequestrado pelo “tribunal do crime” do PCC em um cativeiro no Tatuapé, onde permaneciam outros sete criminosos. Segundo Gritzbach, o caso foi arquivado pelo DHPP após pagamentos de R$10 milhões realizados a Baena e Monteiro para evitar investigações. O pagamento teria beneficiado também o investigador Rafael Maeda Pires, encontrado morto em 2023 no mesmo bairro. O empresário afirmou que, desses R$10 milhões, R$5 milhões ficaram com cada policial.
Gritzbach acrescentou ainda que, durante sua detenção pela Polícia Civil, uma valise com 15 relógios de luxo foi levada por Baena e Monteiro. Embora tivessem prometido devolvê-los após sua libertação, apenas oito foram devolvidos. Os outros sete relógios, avaliados em R$ 714 mil, permaneceram com os agentes, e foram posteriormente associados a Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, que teria sido visto em redes sociais utilizando os modelos Rolex Yacht Master, Rolex GMT Pepsi e Hublot King Power.
Além das prisões, a operação Tacitus cumpriu mandados de busca e apreensão e bloqueou contas e bens relacionados aos investigados. De acordo com promotores do Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os envolvidos movimentaram cerca de R$100 milhões desde 2018, com indícios de práticas criminosas que envolvem lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos.