Delegado preso pela PF foi denunciado por Gritzbach antes de delator do PCC ser assassinado em aeroporto de São Paulo
Vinicius Gritzbach revelou esquema de extorsão policial antes de ser morto, levando à prisão de Fábio Baena e outros suspeitos de corrupção
A delação foi feita como parte de um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público e revelou que os policiais cobravam dinheiro do empresário para não incriminá-lo pelos assassinatos de dois membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que estavam sendo investigados.
O empresário foi executado a tiros por dois homens com ligações suspeitas com o PCC, e a investigação sobre sua morte envolve a possibilidade de participação de policiais. A PF já prendeu dois suspeitos pela execução e investiga se outros policiais estavam envolvidos no crime.
Em 2023, Gritzbach havia sido investigado pela Polícia Civil por suspeita de ser o mandante dos homicídios dos criminosos Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”. Ambos foram mortos em 2021. Durante o processo, o empresário revelou aos promotores que, além da extorsão, os policiais haviam exigido dinheiro em troca de proteção e de não o indiciar pelos assassinatos, embora não tenha cumprido a exigência.
A “Operação Tacitus”, que envolveu a PF e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, foi desencadeada a partir dessas informações. Ainda de acordo com a reportagem, além de Baena, mais três policiais civis foram presos, juntamente com três outros envolvidos em crimes de corrupção. Um agente ainda está sendo procurado pela força-tarefa. A operação aconteceu em diversas cidades, incluindo São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba.
A Justiça decretou a prisão temporária dos envolvidos, além de realizar buscas e apreensões nos endereços relacionados a eles, bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens. As investigações revelaram que o esquema criminoso era responsável pela manipulação e vazamento de investigações, pela venda de proteção a criminosos e pela lavagem de dinheiro do PCC, e teria movimentado mais de R$ 100 milhões desde 2018.
Os suspeitos responderão por crimes como organização criminosa, corrupção ativa e passiva, e ocultação de capitais. As penas podem chegar a 30 anos de prisão. A operação foi batizada de “Tacitus”, um termo latino que significa “silencioso” ou “não dito”, em referência à forma discreta de operação da organização criminosa.