Coronel ligado a Braga Netto articulava defesas e mantinha contato com investigados na trama golpista

Militar era conhecido como “Cid de Braga Netto” e compilava documentos que incluíam perguntas sobre a delação de Mauro Cid

Flávio Botelho Peregrino
Flávio Botelho Peregrino (Foto: Reprodução)
A Polícia Federal (PF) cumpriu, no último sábado (14), mandados de busca e apreensão contra o coronel da reserva do Exército Flávio Botelho Peregrino, de 56 anos, homem de confiança do general Walter Braga Netto, ex-ministro e aliado próximo do governo de Jair Bolsonaro (PL). Conhecido como “Cid de Braga Netto” pela proximidade com o general agora preso, Peregrino não consta oficialmente como investigado na trama. Entretanto, segundo as apurações da PF, ele exercia um papel fundamental nos bastidores, articulando estratégias de defesa e fazendo a ponte entre outros envolvidos no suposto plano golpista, segundo aponta reportagem da Folha de S. Paulo.

Após ter acompanhado Braga Netto em diversas funções desde 2019 — na Casa Civil, no Ministério da Defesa e, mais recentemente, na sede do PL em Brasília —, o coronel atuava nos últimos meses como assessor do deputado distrital Thiago Manzoni (PL), mantendo ao mesmo tempo a colaboração informal para apoiar a defesa do general.

Peregrino alega que seu auxílio a Braga Netto era motivado por “lealdade e camaradagem”, fruto da convivência e do trabalho conjunto nos últimos meses do governo Bolsonaro. Conforme informações obtidas pela reportagem, o militar não receberia recursos financeiros por essa assistência, mantendo-a de forma extraoficial.

Nas buscas realizadas em fevereiro deste ano na sede do PL, a PF encontrou documentos considerados comprometedores na mesa de Peregrino. Entre eles, um texto com perguntas e respostas sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e um manuscrito intitulado “Operação 142” — em referência ao artigo da Constituição Federal sobre o papel das Forças Armadas. Esse manuscrito trazia tópicos que, segundo o apurado, apontavam para um possível golpe, citando a “anulação das eleições”, a “prorrogação dos mandatos”, a “substituição de todo TSE” e planos antidemocráticos para impedir que “Lula não sobe a rampa”.

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