A pesquisa traz dados demarcados com símbolo de adição – quando há maior número de matrículas femininas -, e subtração, quando a maioria é masculina. Quando são analisadas as escolas públicas e privadas da Bahia o resultado é de -5, ou seja, maioria masculina. Porém, quando este é delimitado para as escolas públicas, o valor é de -1, quase equilíbrio total.
A investigação não se aprofundou na explicação desses dados, mas o pesquisador do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper, Alysson Portella, apresenta uma interpretação. “Meninos e meninas tendem a frequentar cursos diferentes, por questões sociais muito ligadas aos papéis de gênero. Quando há um menu diversificado de cursos, os desequilíbrios de gênero são menores”, afirma.
Homens brancos estão em maioria entre os alunos da modalidade no país, ainda que não seja de forma expressiva. Enquanto homens pretos, pardos e indígena possuem os piores números de representação. O objetivo desta pesquisa é identificar se há desequilíbrios de oferta de EPT no país e ajudar para que haja uma distribuição mais igualitária de vagas.
“Essa é uma modalidade que pode proporcionar às juventudes, em toda sua diversidade, uma formação moderna, inclusiva e qualificada para as necessidades atuais do mundo do trabalho. Investir nessa modalidade é uma oportunidade para conectar os jovens aos desafios e às oportunidades do futuro (…). O estudo é um importante norteador de políticas públicas para que as redes de ensino estaduais possam planejar a expansão da EPT”, afirma a coordenadora de gestão do conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, Raquel Nonato.
Novas oportunidades
A EPT é uma forma de mudar vidas, de acordo com Alessandra Correia, de 52 anos, que por conta do desemprego decidiu fazer um curso técnico em serviços jurídicos no Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão Severino Vieira. Vinda da área da enfermagem, Alessandra entrou no curso no intuito de ter outras opções para trabalhar. “Deixei a enfermagem, porque não via muitas possibilidades de trabalho. A turma que participo é em maioria composta por mulheres em busca de outra opção profissional”, conta.
Neste período e dentro desta área em especifico, Alessandra comenta que já aprendeu muito. “Aprendemos aqui a buscar nossos direitos de forma adequada, ter o conhecimento da nossa cidadania e a exercer a cidadania”. A oferta de cursos é grande e bastante variada, por exemplo, com gestão de produtividade, de pessoas, marketing, entre outras. Essas disciplinas são ministradas pela professora Nívia Ribeiro, que atua no Ceep em Gestão Severino Vieira.
De aulas teóricas a práticas, com estudos de caso, feira do empreendedor, visitas técnicas e trabalhos interdisciplinares, Nívia ressalta que gosta da educação profissional porque é algo que impulsiona os alunos “a voarem”. “Muitos dos nossos alunos já foram contratados para trabalhar. Ensinamos muito sobre postura, o amadurecimento para o mercado de trabalho, responsabilidade, compromisso, sobre o que eles podem oferecer a um mercado tão competitivo”, pontua.
Quem já está de olho em bater suas asas é Ana Beatriz Santos, de 17 anos, que se formou neste ano no colégio, no curso técnico e encerrou contrato com o estágio. Ela entrou no curso técnico de administração de olho no potencial de empregabilidade e logo começou a estagiar. Ana destaca o que mais gostou durante a educação profissional e tecnológica.
“Foi o cuidado da gestão escolar, dos professores, do corpo escolar com a gente, de sempre trazer o mundo real, o profissional, para nos preparar para não tomarmos aquele baque na parte prática. Também incentivam muito a gente para querer, além da parte técnica, fazer uma graduação”, afirma.