Um levantamento feito pelo UOL aponta que os policiais militares e civis do Brasil matam quase o triplo do que os agentes de segurança de 15 países do G20 somados. Somente em 2023, foram 6.293 pessoas mortas por policiais em solo brasileiro, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em contrapartida, os países do G20 somam 2.267 vítimas fatais.

O grupo reúne as 20 maiores economias do mundo, tendo o Brasil em 10ª posição. No levantamento, Arábia Saudita, China e Rússia não foram consideradas por falta de dados confiáveis, bem como União Europeia e União Africana.

Ao considerar o tamanho das populações, a diferença é ainda maior. O Brasil tem 7% do número de pessoas da soma dos outros 15 países. Desta forma, proporcionalmente, os policiais brasileiros matam 36 vezes mais do que a média dos agentes das outras nações.

Ainda conforme o levantamento, os policiais do Brasil matam uma pessoa a cada seis homicídios registrados no país. Vale ressaltar que outras vítimas da farda nem sempre estão incluídos no total de homicídios.

O Canadá, por sua vez, registra uma morte pela polícia a cada sete homicídios registrados, ficando com a segunda posição de piores taxas. Porém, em 2023, registrou apenas 778 homicídios, número considerado baixo.

Cenário na Bahia

Quando a análise é feita apenas por estados, a situação fica ainda mais crítica. De acordo com o levantamento do UOL, as polícias da Bahia sozinhas matam mais do que os agentes dos Estados Unidos.

Segundo o Anuário de Segurança Pública, 1.699 pessoas foram mortas por policiais em solo baiano, enquanto os EUA registraram 1.164 mortes.

Em números absolutos, a Bahia lidera a lista de mortes por policiais entre os outros estados brasileiros, com um aumento de 15,8% em comparação a 2022, quando 1.467 mortes foram contabilizadas.

Para o pesquisador Daniel Hirata, da UFF, a violência policial também pode ser incentivada em governos que se dizem progressistas. A Bahia é comandada pelo PT desde 2007.

“Figuras de esquerda também adotam essa postura em meio à ausência de políticas efetivas para o enfrentamento do crime organizado. Quando temos uma grande chacina, mesmo que os mortos sejam criminosos – o que não justifica a morte -, não vai impactar a organização criminosa”, disse ao UOL.

O estado também registra o pior índice de esclarecimento de homicídios dolosos do Brasil, com apenas 15% dos casos esclarecidos.