Yoon, o presidente deposto na Coreia do Sul, é preso sob acusações de insurreição
Prisão marca nova etapa na crise política sul-coreana
Reuters – O presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol, que havia sido destituído pelo parlamento em dezembro, foi preso na madrugada desta quarta-feira sob acusações de insurreição. A ação, conduzida pela Corruption Investigation Office for High-ranking Officials (CIO), representa a primeira vez na história do país que um presidente em exercício é detido.
Em uma declaração divulgada antes de sua prisão, Yoon afirmou que decidiu se render às autoridades para evitar “um derramamento de sangue”, embora tenha classificado a investigação como “ilegal”. “Eu decidi responder ao inquérito do CIO – apesar de ser uma investigação ilegal – para evitar um derramamento de sangue desagradável”, declarou o presidente.
Contexto da crise e controvérsias legais
A crise começou em 3 de dezembro, quando Yoon declarou lei marcial, um movimento que surpreendeu os sul-coreanos e desencadeou uma reação contundente do parlamento, que votou pelo seu impeachment em 14 de dezembro. Desde então, ele estava recluso em sua residência, protegida por seguranças pessoais que, inicialmente, impediram uma tentativa de prisão.
O mandado de prisão, cuja cópia foi obtida pela Reuters, descreve Yoon como o “líder de uma insurreição”. Seus advogados alegam que o documento é ilegal, argumentando que foi emitido por um tribunal sem jurisdição sobre o caso e que o comitê de investigação não tinha mandato legal para conduzir a operação.
As autoridades têm agora 48 horas para interrogá-lo e decidir se solicitarão sua detenção por até 20 dias ou se o liberarão. Paralelamente, a Corte Constitucional avalia a validade do impeachment, o que poderá resultar na remoção definitiva de Yoon do cargo ou na restauração de seus poderes presidenciais.
Reações internas e internacionais
A detenção foi acompanhada de intensos confrontos entre apoiadores de Yoon e a polícia, com transmissões ao vivo mostrando centenas de manifestantes reunidos sob temperaturas abaixo de zero. Muitos carregavam bandeiras com slogans como “Stop the Steal” em referência às alegações não comprovadas de fraude eleitoral, que serviram como justificativa para a declaração de lei marcial.
Internacionalmente, o episódio repercutiu. O governo dos Estados Unidos reafirmou seu compromisso em trabalhar com a Coreia do Sul “em conformidade com a Constituição”, enquanto o Japão monitora os acontecimentos “com interesse sério”, segundo o ministro Yoshimasa Hayashi.
Polarização política
Apesar das críticas generalizadas à lei marcial e ao impeachment, a crise trouxe novo vigor à base de apoio de Yoon. Pesquisas recentes mostram que o Partido do Poder Popular (PPP), ao qual Yoon pertence, reduziu a distância em relação ao Partido Democrático da oposição, com uma diferença de apenas 1,4% nas intenções de voto.
Enquanto opositores veem a prisão como um passo necessário para restaurar a ordem democrática, simpatizantes de Yoon, como o aposentado Kim Woo-sub, de 70 anos, manifestaram indignação: “É muito triste ver nosso país desmoronando. Ainda tenho grandes expectativas de que Trump apoie nosso presidente. A fraude eleitoral é algo que ambos enfrentaram.”
Perspectivas futuras
A crise política na Coreia do Sul está longe de terminar, com o destino político de Yoon agora dependendo tanto da investigação criminal quanto da decisão da Corte Constitucional. Enquanto isso, a sociedade sul-coreana segue profundamente dividida, enfrentando um período de instabilidade sem precedentes em sua jovem democracia.