Jornalista da CNN crítico de Trump anuncia demissão no ar: ‘nunca é um bom momento para se curvar a um tirano’
Jim Acosta trabalhou por 18 anos na CNN e cobriu vários presidentes como correspondente na Casa Branca
A nova posição exigiria que Acosta se mudasse de Washington para Los Angeles, onde o programa entraria no ar às 21h no horário local. Antes disso, ele apresentava um jornal matutino na CNN. Durante sua despedida, o jornalista relembrou passagens marcantes da carreira, incluindo a cobertura histórica da visita do então presidente Barack Obama a Cuba, em 2016, quando questionou o líder Raúl Castro sobre prisioneiros políticos.
“Como filho de um refugiado cubano, levei para casa a lição de que nunca é um bom momento para se curvar a um tirano”, afirmou.
O jornalista também reforçou seu compromisso com a imprensa livre: “Sempre acreditei que é função da imprensa responsabilizar o poder. Sempre tentei fazer isso na CNN e planejo continuar fazendo isso no futuro”. Ao encerrar seu discurso, deixou um recado ao público: “Segure-se à verdade e à esperança”.
A saída de Acosta ocorre em meio a uma reestruturação na CNN, que nos últimos anos tem promovido mudanças na grade e deslocado alguns de seus principais jornalistas para novos horários. A emissora nega que as alterações tenham relação com o momento político dos Estados Unidos.
A relação de Jim Acosta com Donald Trump sempre foi conturbada. Durante o governo do republicano, o jornalista protagonizou embates acalorados com o então presidente. Em 2018, ao questionar Trump sobre uma caravana de migrantes e a investigação da suposta interferência da Rússia nas eleições de 2016, Acosta teve sua credencial temporariamente suspensa pela Casa Branca após uma discussão durante uma coletiva de imprensa.
Na ocasião, Trump o repreendeu publicamente: “A CNN deveria ter vergonha de ter você trabalhando para eles”, disse. “Você é uma pessoa rude e terrível. Não deveria estar trabalhando para a CNN”.
A hostilidade entre os dois já vinha de antes. Em 2017, antes mesmo da posse de Trump, o republicano recusou-se a responder uma pergunta de Acosta e o classificou como “fake news”.
Logo após o anúncio da demissão, Trump voltou a atacar Acosta, chamando-o de “perdedor” e afirmando que ele “vai fracassar” em qualquer lugar.