Governador terceiriza fracasso, a laranjada e o descoordenador federal
Da Coluna Pombo Correio
Secretária Roberta Santana e o governador Jerônimo Rodrigues Crédito: Antonio Queirós/GOVBA
Ciumeira A secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, vem causando uma verdadeira ciumeira no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Integrantes do primeiro escalão da gestão estadual andam reclamando nos bastidores que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem evitado despachar com eles. Alguns dizem que chegam a tentar por dias para falar com o petista, inclusive durante viagens ao interior, mas o governador não os atende, enquanto Roberta tem acesso livre. As mesmas fontes dizem que Roberta não opina somente sobre a Saúde, mas também em todas as áreas do governo. A secretária, de acordo com fontes com acesso ao Palácio de Ondina, é uma aposta de Jerônimo não apenas na gestão, mas principalmente na política, tanto que o governador muito deseja que ela assuma a Casa Civil, o que esbarra no atual titular da pasta, Afonso Florence (PT), que quer seguir no posto. “Hoje, Roberta é quem mais manda no governo”, revelou, sob anonimato, um parlamentar.
Terceirizando o fracasso
O governador Jerônimo Rodrigues precisa exercitar mais a sua vultuosa criatividade para encontrar culpados para os problemas dele e do PT. Para a surpresa de zero pessoas, o governador culpou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela queda brusca na popularidade do presidente Lula (PT), conforme pesquisa da Quaest divulgada nesta semana, afirmando que o cacique-mor do PT “está pagando a conta pelas mazelas deixadas pelo governo anterior”. Bom, seguindo essa lógica, podemos também afirmar que a má avaliação dele na Bahia seria culpa, então, de seu padrinho político e antecessor Rui Costa (PT), de quem o governador herdou as “mazelas” que enfrenta agora.
Lista de culpados
Além de Bolsonaro, Jerônimo tem outros “culpados”. Nessa semana, voltou a culpar prefeitos pela situação da fila da regulação, de responsabilidade do estado. Na segurança, sempre diz que é uma situação nacional e até internacional. Outras vezes chega a culpar a oposição por problemas, ao sugerir que oposicionistas torcem contra a Bahia. O governador já está esgotando sua lista de culpados.
Descoordenador
Sob reserva, deputados federais baianos confidenciaram que a declaração do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, sobre a má fama do ministro Rui Costa em Brasília contemplou o sentimento geral, entre colegas dele da Esplanada e no Congresso. Em entrevista nesta quinta, Ciro disse que “Rui Costa é um homem que todos os ministros detestam. Não coordena nada no governo”. De acordo com os parlamentares, o sentimento sobre Rui é exatamente esse. Eles dizem que muito da queda de popularidade do governo Lula deveria ser colocado na conta de Rui, visto que ações e iniciativas do governo não saem do papel.
Laranjada
E a piada pronta da semana é a explicação, em dialeto soteropolitano, para o fatídico episódio da laranja do ministro Rui Costa: “O PT meteu o Brasil numa laranjada”.
A volta dos que não foram
Parlamentares veem com estranheza o esforço sobrenatural do governo Jerônimo para divulgar, quase diariamente, supostas adesões de prefeitos à sua base. A questão é que muitos dos gestores anunciados não eram da oposição e estão em partidos do grupo petista. Em um dos casos, um prefeito anunciado como adesão nem na Bahia estava nas eleições de 2022. Para muitos, a estratégia do governo não passa de um balão de ensaio para esconder a má avaliação de Jerônimo, que vem a reboque da queda de popularidade do presidente Lula.
Estado mais caro
Não bastasse a queda livre no saldo financeiro do Estado, o custo da máquina pública subiu disparadamente desde que Jerônimo chegou ao Palácio de Ondina. Em 2022, por exemplo, mesmo com os descaminhos das eleições, a Bahia usava R$ 16,6 bilhões para atividades de manutenção e custeio do governo, e assim que Jerônimo assumiu o valor foi para R$ 19,6 bilhões. Em 2024, o governador foi mais adiante e aproximou o valor à casa dos R$ 24 bilhões. Sem que nada de novo tenha chegado ao estado, Jerônimo aumentou as despesas básicas em 50%, em apenas dois anos.
Procura-se sucata
O governo do Estado ainda procura por empresas interessadas em vender embarcações usadas para colocar em circulação no sistema Ferry-boat. O resultado da tentativa de compra, publicado no final do ano passado, mostrou que a licitação da Secretaria de Infraestrutura deu “deserta”. Como já mostrou a coluna, Jerônimo ganhou fama de especialista em sucata diante da insistência em buscar equipamentos de segunda mão para colocar à disposição do povo baiano. Outro episódio não muito distante foi a aquisição de trens que estavam parados há mais de dez anos em Cuiabá para usar no VLT de Salvador.
Agressivo
Depois de chamar de “agressivo” o reajuste de quarenta centavos na tarifa de ônibus de Salvador, o governador Jerônimo estuda aumentar a passagem do metrô dos atuais R$4,10 para R$ 5,60. A diferença, agora sim agressiva, é uma forma de compensar o prejuízo anual que a operação do metrô dá aos cofres públicos, graças à modelagem mal desenhada pelas gestões do PT. Não fosse a integração com as linhas de ônibus, que alimentam o sistema metroviário, o modal estaria numa situação ainda pior.
Em família
Após recuar em 2022, o prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), bateu o martelo e vai lançar a esposa, Andrea Castro, nas eleições de 2026, a uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Na disputa passada, o prefeito, que enfrentava desgastada e má avaliação, foi pressionado por aliados e decidiu não lançar a esposa. Inclusive, políticos que militam na região confidenciaram que o prefeito tem avisado a seus auxiliares que a prioridade para os próximos dois anos é eleger a esposa deputada.