Pescadores artesanais beneficiados pela Codevasf fazem primeira despesca de tilápia em Ibó, no sertão pernambucano

Pescadores de Ibó, distrito de Belém do São Francisco, no sertão pernambucano, comemoraram nesta semana a primeira despesca de tilápia produzida em 50 tanques-rede fornecidos pela Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Pernambuco. O apoio da empresa beneficiou doze pescadores da Associação dos Trabalhadores do Transporte Fluvial de Ibó (Attif), com um investimento de aproximadamente R$ 60 mil.
Os recursos foram repassados pelo Ministério da Integração Nacional, no âmbito Plano Brasil sem Miséria. A parceria entre a Attif e a Codevasf foi iniciada há cerca de três anos. Além dos tanques, fornecidos há pouco mais de um ano para a associação, a Companhia proveu capacitação, alevinos e ração para os pescadores, cujo trabalho vem sendo acompanhado por técnicos da empresa.
Este primeiro ciclo de produção rendeu 12 mil quilos de tilápia. Segundo o presidente da Attif, Paulo Wanderley Gonçalves, a meta com os tanques-rede fornecidos pela Codevasf é chegar a uma produção mensal de cinco mil quilos. “Estamos trabalhando de forma organizada para que a atividade possa gerar uma renda de até mais de um salário mínimo para cada produtor”, destaca.
Gonçalves frisa que a comunidade tem todas as condições para alcançar a renda prevista. “Temos tudo favorável para nós. Gostamos de criar peixe, temos água em abundância, temos acesso à venda mais livre, mais perto”, avalia o pescador, que espera novas parcerias para o futuro próximo e para que a produção chegue a escolas e presídios – o que ampliaria a destinação do peixe local.
Dos 12 associados da Attif, 4 são mulheres, como Erenilda Gomes, que herdou do pai a vocação para a pesca. De acordo com ela, o pai não teve o apoio que ela vem recebendo. “Antes ele não tinha esse apoio que hoje nós temos. Hoje está muito diferente. Agora temos crescido muito”, afirma. Maria Gorete Pocidônio também comemorou o resultado. “A parceria da Codevasf tem trazido muitas coisas boas para nós e se Deus quiser trará muito mais”, ressalta.
O chefe do escritório da Codevasf em Jatobá, Alessandro Xavier, afirma que o resultado da despesca é positivo. Ele lembra que o trabalho é feito com o envolvimento do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Bebedouro (3º/CIB). “Estamos acompanhando com dois técnicos destinados a atender os pescadores e a cada 15 dias há palestras educativas. Queremos dar continuidade ao projeto e ver novos frutos”, salienta Xavier. Segundo ele, a Codevasf também atua em inclusão produtiva por meio da piscicultura em Manga de Baixo, outra comunidade da zona rural de Belém do São Francisco.
O engenheiro de pesca Rozzano Figueiredo, chefe do 3º/CIB, avalia que esse foi um conjunto de ações que agora estão em vias de gerar renda às famílias da associação. “O acompanhamento técnico e o fornecimento de alevinos continuam. A capacitação é importante para fortalecer a atividade dessas pessoas que estão ganhando dignidade. Hoje a gente já nota, sente, que eles tem uma perspectiva melhor”, assinala.
Elijalma Augusto Beserra, gerente regional de revitalização de bacias da Codevasf, afirma ser gratificante para os técnicos da Companhia ver resultados positivos como o conquistado na parceria com a Attif em Ibó. “Cada peixe aqui produzido pavimenta a ação para outras associações. São essas ações que nos dão convicção de que o nosso trabalho gera resultados, muda a realidade. É o combustível para que busquemos novas ações”, diz.
O superintendente regional da Codevasf, João Bosco Lacerda de Alencar, participou da primeira despesca fruto da parceria com os pescadores de Ibó. “Tenho certeza de que com essa iniciativa da Codevasf e com o apoio dos Poderes Executivo e Legislativo vamos alavancar nossas ações na área da piscicultura. São ações para melhorar a renda, o poder aquisitivo dessas famílias e que vêm realmente revolucionando e melhorando a qualidade de vida do homem sertanejo”, afirma.
Novas parcerias
Cícera Lacerda, da Colônia de Pescadores de Cabrobó, também no sertão de Pernambuco, conferiu o sucesso do apoio da Codevasf em Ibó e foi em busca de uma parceria, que poderá ser firmada entre a entidade, a Companhia e a Prefeitura.
“Somos 420 associados e a gente necessita que a Codevasf nos ajude com a criação, pois nem sempre o pescador pode estar no rio, por não ter produção. Vamos poder ter esses peixes todos os dias com a Codevasf junto com a gente. A ajuda poderia ser com a construção de tanques, capacitações e doação de alevinos. Estou otimista”, disse Cícera na ocasião.
De acordo com o gerente regional de revitalização da Codevasf, Elijalma Beserra, o primeiro passo para a concretização de parcerias com a Companhia no reforço da criação de peixes é promover a organização de cooperativas e associações. “Não adianta apenas atender, mas sim fazer com que o projeto se torne realidade. Os que se tornam realidade são os que têm boa base. Pregamos isso: se organizem, procurem a documentação necessária, entrem com os projetos na Codevasf, munidos desses documentos, e assim as ações sairão. Hoje temos um exemplo disso aqui em Ibó”, afirma Beserra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *