Aliados de Paulo Câmara começam a cobrar fatura de olho em 2016

Frente Popular terá que se desdobrar para acomodar interesses dos 21 partidos nas eleições municipais do ano que vem. Disputas de bastidores já começaram

Thiago Neuenschwander

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Anderson Ferreira, Cleiton Collins e João Fernando Coutinho são nomes fortes em Jaboatão

Há pouco mais de um ano para as eleições municipais do ano que vem, 2016 começou a entrar definitivamente na pauta da Frente Popular. Com uma base formada por 21 partidos, o grupo político comandado pelo PSB precisará rebolar para definir quem serão os candidatos que terão o respaldo do governador na corrida pelas prefeituras. Em cinco dos seis municípios com maior eleitorado do estado, há pelo menos dois nomes fortes que integram a chapa e que dificilmente abrirão mão de concorrer em cada um deles. Os cenários mais complexos concentram-se em Olinda e Jaboatão, onde vários pleiteantes esperam a bênção de Paulo Câmara (PSB). Com o apoio dado ao socialista nas eleições do ano passado, chegou a hora de cobrar a fatura.

Jaboatão, segundo maior colégio eleitoral do estado, hoje apresenta o maior problema a ser resolvido. Na última semana, o PR lançou o deputado federal Anderson Ferreira como nome do partido para a disputa. No dia do anúncio, o parlamentar fez questão de salientar que a candidatura não criará fraturas dentro da Frente Popular. “Não vejo dificuldade no diálogo. Quando um projeto surge da necessidade de se apresentar o novo para uma cidade, não há dificuldade. A tendência é se consolidar e Paulo (Câmara, governador do estado) tem o nosso apreço e tem abraçado sempre as nossas lutas”, declarou na última segunda-feira.

Nos bastidores, no entanto, comenta-se que a iniciativa não foi vista com bons olhos por outras legendas. O PP do pastor Cleiton Collins, deputado federal mais votado na cidade no ano passado (41,3 mil votos), tem uma reunião marcada para esta semana, quando definirá os rumos da sigla em 2016. “Vamos convocar as nossas lideranças para debater o tema. Pelas pesquisas internas, meu nome aparece naturalmente, mas não há nada definido. Temos que observar os desdobramentos de algumas questões… Como vai se portar o PSB, que ainda não conversou conosco sobre o assunto… Há várias possibilidades para o partido, inclusive em outras cidades como o Recife. Nada está descartado”, ponderou o parlamentar.

Caso o pastor decida realmente concorrer, a Frente pode sofrer um forte revés se optar por não apoiá-lo. O representante do PP na Assembleia Legislativa foi o deputado mais votado em três dos principais colégios eleitorais da Região Metropolitana (Recife, Jaboatão e Paulista). Em Olinda, perdeu por uma pequena margem para o Professor Lupércio (SD), um dos candidatos locais. O que o PP deixa transparecer é que só deverá apoiar o PSB nos demais municípios se receber o mesmo tratamento. Além de Cleiton e Anderson, outros nomes aparecem com menos força até o momento, como o deputado federal João Fernando Coutinho (PSB) e a secretária de Desenvolvimento e Mobilização Social da cidade, Conceição Nascimento, que deverá ser a indicada do prefeito Elias Gomes (PSDB), integrante do bloco, que não poderá concorrer.

 

ricardo
Ricardo Costa: de olho na movimentação das peças no tabuleiro

No PMDB, dois nomes disputam a indicação do partido. Izabel Urquiza, que em 2012 perdeu as eleições, mas alcançou 40% dos votos seria o nome natural. O partido, no entanto, tem outros na agulha, como o do deputado estadual Ricardo Costa. O parlamentar acredita que o PMDB e os outros partidos da Frente Popular deverão buscar o entendimento. “É claro que a Frente terá que fazer acomodações, principalmente nos grandes centros que estão mais próximos do poder central. O PMDB sempre buscou o entendimento, é um partido que tem voz ativa dentro do bloco com lideranças como o deputado federal Jarbas Vasconcelos e o vice-governador Raul Henry. Então, vamos aguardar a movimentação das peças no tabuleiro com muita tranquilidade, esperando o tempo certo destes debates”, salientou Ricardo Costa.Outro entrevero a ser resolvido será Olinda. A disputa entre PCdoB e PMDB, que monopolizou, as últimas eleições tende a ganhar a companhia do PSB. O irmão do ex-governador Eduardo Campos, Antônio Campos, já se colocou como pré-candidato e iniciou o processo de divulgação em massa de sua imagem no município. A deputada federal Luciana Santos (PCdoB) também já admitiu a possibilidade de disputar o pleito, já que o prefeito Renildo Calheiros (PCdoB) não poderá concorrer à reeleição. A comunista aparece como nome mais forte até o momento, após ter sido a parlamentar mais votada na cidade para uma vaga na Câmara Federal em Brasília.

Demais cidades
No caso do Recife, a situação parece estar consumada. Apesar do desgaste sofrido nos últimos dias com a sanção da Lei n°08/2015, que contempla o Plano Específico do Cais José Estelita, Santa Rita e Cabanga, o prefeito Geraldo Julio deverá ser o candidato do partido à reeleição. O PSDB, mesmo sendo um dos componentes da Frente Popular, transita na oposição na esfera municipal e apesar e não ter apresentado oficialmente o nome do deputado federal Daniel Coelho, já deu indícios de que terá nome próprio para a disputa. Nas eleições de 2012, ainda com a presença do ex-governador Eduardo Campos (PSB), Geraldo venceu Daniel no primeiro turno por 51,1% a 27,6%.

Miguel com Uchoa
Miguel Coelho

No interior, os olhares se concentram sobretudo em Caruaru e Petrolina. Na capital do Agreste, os três principais grupos políticos da cidade apoiaram Paulo Câmara nas eleições de 2014. Tony Gel (PMDB e Raquel Lyra (PSB) aparecem como os nomes mais fortes para a disputa, até então, mas o atual prefeito José Queiroz (PDT) também deverá indicar um correligionário para sucedê-lo. Já em Petrolina, o trauma deverá ser menor, já que disputa deverá ficar dentro do PSB. Quem surge na frente é o deputado federal Fernando Filho, mas enquanto o partido não tomar sua decisão, ele terá a sombra do irmão, Miguel Coelho, do também deputado estadual Lucas Ramos e do deputado federal Gonzaga Patriota.

Fonte: Diário de Pernambuco

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