Conselho de enfermagem aponta falta de profissionais na BA

Luana Almeida

  • Equipe do Coren-BA fiscaliza uma unidade de saúde do estado - Foto: Ascom Coren-BA | Divulgação

    Equipe do Coren-BA fiscaliza uma unidade de saúde do estado

As unidades de saúde do estado funcionam com número reduzido de profissionais de enfermagem. Em hospitais como o Roberto Santos, em Salvador, há, hoje, um déficit de 102 enfermeiros, conforme dados do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA).

Os números – baseados na resolução nº 293/04 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que define o quantitativo mínimo de pessoal – revelam ainda que o Hospital Geral do Estado (HGE) apresenta uma carência de 155 profissionais.

No interior, a situação se repete. O Hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana (a 108 km da capital), tem um subdimensionamento de 59%. Ou seja, faltam 65 enfermeiros e 258 profissionais de nível médio. No Hospital Geral de Juazeiro, chega a 40%.

Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que os dados apresentados pelo Coren-BA não demonstram a realidade das unidades sob responsabilidade do estado.

“Deve-se considerar que a realidade de movimentação de servidores é dinâmica, bem como se deve considerar que a taxa de utilização dos leitos oscila constantemente”, diz o texto.

Ainda assim, de acordo com a presidente do Conselho, Maria Luísa de Castro Almeida, a situação resulta em um modelo de assistência de saúde deficiente e eleva a ocorrência de eventos como erros na administração de medicação.

“Os profissionais se deparam com uma quantidade enorme de pacientes para assistir. Em alguns lugares, um enfermeiro é responsável por cuidar,  com um ou dois auxiliares, de 30 a 40 pacientes. Não há condições de prestar um atendimento digno”, afirma.

O problema motivou o Coren-BA a recorrer à Justiça Federal para exigir a regularização dos quadros funcionais das unidades assistenciais.  Desde 2012, o conselho já ajuizou 123 ações. Desse total, conseguiu a contratação de funcionários em 55 delas. Os demais processos continuam em andamento.

Para Maria Luísa Almeida, o problema demonstra um paradoxo, já que mais de mil novos enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem se inscrevem, mensalmente, no conselho.

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia (Seeb), Lúcia Duque, reitera: “Temos mão de obra qualificada, mas hospitais preferem sobrecarregar  funcionários do que investir em mais profissionais”.

Precarização

Relato de funcionários de grandes hospitais da capital baiana demonstram ainda que o quadro reduzido de profissionais de enfermagem acarreta, também,  problemas de saúde para os próprios enfermeiros.

Dentre as complicações mais recorrentes, segundo dados do Coren-BA, estão depressão e problemas ortoarticulares decorrentes de sobrecarga de trabalho e acúmulo de funções.

Enfermeira há quase 10 anos em um grande hospital da capital baiana, H.S.S, 39, contou que chega a trabalhar durante 36 horas seguidas uma vez por semana. Nos outros dias,  trabalha em outro local por quase 12 horas ininterruptas.

“Com a baixa remuneração à qual estamos submetidos, não posso trabalhar em um só lugar. Sinto que meu estado de exaustão compromete muito o meu trabalho”, conta.

Fonte: A Tarde

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