Com paredes de mármore, teto alto, candelabros majestosos, mosaicos e milhares de esculturas e decorações em alto-relevo, o metrô moscovita – conhecido como “palácio subterrâneo” – completou 80 anos nesta sexta-feira.
A rede moscovita conta com 196 estações, distribuídas em doze linhas que percorrem 327,5 km e realiza 6,73 milhões de viagens por dia. O de São Paulo, para efeitos de comparação, tem 74 km de extensão.
A extravagância foi ideia do então líder soviético Josef Stalin e tinha uma função político-ideológica – relembrar aos usuários, na maioria proletariados, que o Partido Comunista estava fazendo algo para a população, em retorno pelo seu esforço durante a União Soviética.
Stalin ordenou que os arquitetos e artistas do metrô criassem uma estrutura que se destacasse pelo “brilho” e indicasse um “futuro radiante”. O metrô é hoje um dos principais pontos turísticos da cidade.
E o sistema de transporte metropolitano chama a atenção não somente pela suntuosidade, mas também pela eficiência. A média de espera pelo metrô é de somente 90 segundos, caindo para menos de 60 segundos no horário do rush. E, se tudo isso não fosse suficiente, o metrô oferece ainda wifi gratuito, com fácil acesso em russo ou em inglês.
O metrô russo, no entanto, não está alheio a polêmicas. Em 2009, após a restauração da estação de Kurskaya, no centro da cidade, uma homenagem a Stalin foi colocada mais uma vez na parede do metrô. “Stalin nos criou na lealdade ao povo, nos inspirou ao trabalho e ao heroísmo” – reza a frase, que havia sido retirada nos anos 50. Apesar das críticas, a frase foi mantida.
Outro assunto que costuma gerar certa discussão em Moscou é a voz usada nos alto-falantes do sistema de transporte. Nas linhas radiais, os alto-falantes que anunciam as estações usam uma voz masculina no sentido centro e uma voz feminina no sentido periferia. A controversa ideia é de que é melhor ter uma voz feminina quando os trabalhadores voltam para casa e uma voz masculina quando vão ao trabalho.
Plano de expansão
O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, anunciou no fim do ano passado que uma segunda linha circular estará completamente em operação até o final desta década, com 28 novas estações e 58 km de trilhos. Parte desta nova linha será aberta em 2016. O custo total do projeto é de 300 bilhões de rublos (R$ 18 bilhões).
Moscou tem uma linha circular e onze linhas radiais. Para fazer qualquer transferência entre as linhas radiais, o passageiro precisa ir até o centro e depois seguir na nova linha radial. A construção de uma segunda linha circular pretende descongestionar o metrô no centro de Moscou e diminuir o tempo de deslocamento. O design da nova linha ficará a cargo de uma firma italiana de decoração de interiores.
Quando a segunda linha circular estiver pronta, a Prefeitura de Moscou estima que apenas 7% dos residentes de Moscou viverão longe de alguma linha de metrô (hoje, este número é de 22%).
Em comemoração ao aniversário, o metrô ganhou de presente um novo trem, com design e decoração temáticas contando a história de um dos símbolos da capital russa. O novo trem tem oito vagões, cada um representando uma década. E o primeiro vagão está pintado de vermelho, em homenagem à cor da primeira linha.
Fonte: BBC Brasil