Marcas do passado: Ex-militante político de Juazeiro resgata história dos movimentos
Ação Popular
Juazeiro é uma cidade marcada por fatos que fazem parte da história do país, dentre eles a música, a arte, política, economia e a cultura de modo em geral. Nesse contexto é grande a lista de pessoas que se destacaram no passado, servindo de referência no presente. Dentre elas está o artista plástico Antonio Carlos Coelho de Assis, o popular Coelhão que militou politicamente durante os anos de chumbo. Hoje ele faz exposição de seu trabalho em vários lugares do país a exemplo de Salvador, Recife, São Paulo e outras cidades levando sempre o nome de sua terra.
Marcas do passado
Coelhão foi um ativo militante político, chegando a passar por momento nada fáceis. “Tenho várias lembranças daquela época. A Ditadura me pegou iniciando a vida. Ela demorou bastante, 21 anos sendo que seus reflexos perduram até os dias de hoje. O mal que ela fez foi condicionar o povo desunido”. Ele relata algumas atividades realizadas na época. “Participei de vários movimentos a exemplo da liberdade de expressão, do cinema com o Cine Angarys, dos debates realizados no Centro de Cultura do Circulo Operário. Eu e um grupo de pessoas organizamos e realizamos o primeiro ato ecológico regional que foi em defesa do Rio São Francisco passando a ser depois um dos primeiro do país. Nós ainda participamos de várias campanhas ligadas à comitês político pela volta da democracia a exemplo das Diretas Já”, listou.
Companheiros
Ele relata que durante aqueles anos trabalhou ao lado de pessoas que jamais esquecerá. “Foram várias as pessoas que fizeram parte do movimento a exemplo do professor e escritor Esmeraldo Lopes, Mayta, Odomaria Bandeira, os irmãos Ernani e Marcelino Paes Landim, Lorena Araújo, Geovanna Di Marco, Tadeu, Antonieta, Babá, foi uma série de pessoas que não tenho como enumerar todas elas”. Mesmo mostrando emocionado, Coelhão tenta esconder. “Não posso dizer que me sinto emocionado quando me lembro da luta ao lado delas, mas que me senti bem quando fizemos o que foi necessário”.
Sem arrependimento
Conquistada a democracia no país, uma nova Constituição é lançada em 1988. Depois de 21 anos o povo volta a ter o direito de se manifestar, votar e lutar pelos próprios direitos abertamente. Após 22 anos de existência o Partido dos Trabalhadores (PT) elege Luiz Inácio Lula da Silva para a presidente em outubro de 2002. Começava uma nova era no país. Durante dois mandatos consecutivos, Lula conseguiu mudar a cara do país, mas por outro lado começaram a sair na imprensa denuncia de corrupção a exemplo do mensalão, dólar na cueca, o homem da mala, e outros escândalos.
Sem titubear, Coelhão diz que no mundo todo poder está sujeito a qualquer deslise. “Os temores que tínhamos na época, muitos deles se confirmaram. Eu não me arrependo de colocar algumas pessoas no poder, eu acho que os escândalos que estamos vendo é o reflexo desde que o branco se instalou em nosso país. Eu acho salutar que se faça investigações e que isso prossiga. O que não pode é recursos públicos ser apropriados”.
Movimentos atuais
Ele reconhece a luta dos jovens de hoje, mas que se mostra contrário a determinados abusos praticados. “A juventude participa hoje dos movimentos de maneira mais corajosa, isso porque não conheceu o que é lutar contra uma ditadura e forte repressão onde muitas pessoas foram torturadas e mortas. Hoje se tem liberdade para se manifestar e pronunciar o que pensa. Inclusive para ser alienado, tem algumas manifestações que são adequadas e outras equivocadas. Hoje estamos bem melhor porque antes não tínhamos nem condições de pensar e hoje já pensamos e falamos”.