Liderada por Robespierre, insurreição se levanta contra girondinos

Ação, protagonizada por milhares de parisienses, deu as bases para o período chamado de “O Grande Terror”
Maximilien Robespierre, uma das personalidades mais importantes da Revolução Francesa

Em 31 de maio de 1793, convocados por Maximilien Robespierre, os ‘sans-culottes’ parisienses comandados por Varlet e Roux cercam a Convenção e exigem a condenação dos deputados da Gironda que governavam o país.

Criticavam sua incapacidade de fazer face à invasão estrangeira e suspeitavam que estavam preparando o retorno da monarquia. Três dias mais tarde, os líderes girondinos, em número de 22, seriam presos e enviados à guilhotina. Os deputados da ‘Montanha’ tomam o poder e instalam “O Grande Terror”.

A história começou em 2 de junho, quando 80 mil parisienses encolerizados cercam a assembleia da Convenção. Trata-se essencialmente de guardas nacionais em armas.

Eles reclamam a destituição e prisão dos deputados girondinos, assim chamados porque muitos deles eram originários do departamento da Gironda. Agrupados em torno de Brissot e Vergniaud, eles eram mais conhecidos como ‘brissotinos’.

Após a vitória de Valmy em 20 de setembro de 1792 – primeira vitória militar da Revolução Francesa sobre o exército prussiano que embora não tenha sido um feito militarmente relevante, revestiu-se de enorme importância histórica – e a instauração da República, os girondinos, adeptos de um poder descentralizado, teriam desejado conter o curso da Revolução.

Porém, na primavera de 1793, uma sucessão de derrotas militares reativa a crença numa invasão estrangeira. Os ‘Vendeianos’ – de Vendeia, província no interior da França, quando camponeses, monarquistas e religiosos tentaram deter a Revolução – se sublevam para escapar ao recrutamento em massa. A escassez e a inflação reaparecem com força.

Ao contrário dos Girondinos, os deputados da Montanha, assim chamados porque se sentavam na parte mais alta da Assembleia, preconizavam medidas draconianas. Robespierre, seu líder, temia que uma interrupção do processo revolucionário levaria à restauração da monarquia.

Os Montagnards fazem votar uma lei sobre o curso obrigatório da citação judicial e sobre um “empréstimo compulsório” por parte dos ricos. Criam também um Tribunal Revolucionário e um Comitê de Salvação Pública.

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Os Montagnards se beneficiam do apoio dos ‘sans culottes’ parisienses, da Comuna de Paris e dos Jacobinos, bem como dos novos ricos burgueses que se enriqueceram com a venda de bens nacionais. Estas medidas extremas atraem também o movimento dos ‘Enragés’ (Enraivecidos) de Jacques Roux. Sobre os muros de Paris, os revolucionários afixam vibrantes proclamações como: Unidade e Indivisibilidade da República; Liberdade, Igualdade, Fraternidade ou a Morte.

Julgamento de Marat

Os Girondinos, se bem que tivessem as rédeas do governo, são encurralados pelos grupos de pressão e impotentes em mobilizar seus adeptos, a maior parte vivendo nas províncias. Tentam processar Jean Paul Marat, um agitador popular que sabe melhor que ninguém manobrar os ‘sans culottes’ parisienses. De mode previsível, Marat é inocentado pelo Tribunal Revolucionário que ele mesmo ajudou a fundar e faz um retorno triunfal à Assembleia em 24 de abril de 1793.

Jean Paul Marat, principal ponte entre o povo e grupo radical jacobino que veio ao poder em junho de 1793

Os Girondinos conseguem aprovar na Convenção uma Comissão dos Doze encarregada de examinar as petições firmadas contra eles mesmos e que circulavam pelas seções parisienses dos ‘sans culottes’. Os Montagnards tentam numa primeira vez, em 31 de maio, organizar uma insurreição popular em torno da Assembleia a fim de abater seus rivais. Todavia, a insurreição só consegue suprimir a Comissão dos Doze.

A insurreição de 2 de junho, preparada cuidadosamentet por Marat, posta em marcha pelas seções parisienses dos ‘sans culottes’ e pela Guarda Nacioinal, sitiam a Assembleia. Os deputados saem do edifício para pedir aos manifestantes que se afastem, porém o ‘sans culotte’ Hanriot, no comando da Guarda Nacional, ameaça atirar com seus canhões sobre os parlamentares.

Vencidos, os deputados recuam. Tomam os seus assentos no hemiciclo e, sob pressão da insurreição, aprovam o ‘estado de prisão’ de 29 de seus pares. Os Girondinos, colocados em prisão domiciliar, fogem e buscam, sem sucesso, sublevar as províncias.

A maior parte deles seria capturada e levada à guilhotina. Os Montagnards enfim com as mãos livres impõem “O Grande Terror”, período que durou 13 meses, sob a ditadura do Comitê de Salvação Pública, um governo de 7 membros dirigido com mão dura por Maximilien de Robespierre.

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