Ex-aluno do Rui Barbosa retorna ao lar para rever colegas e amigos em Juazeiro

Ação Popular

Foi realizado nesta sexta-feira (31), no auditório do colégio estadual Rui Barbosa, solenidade de encontro de ex alunos e professores com a participação do comandante geral da Polícia Militar da Bahia, Coronel Anselmo Brandão.

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Ex-aluno e hoje professor da Uneb, José Roberto

Durante o evento, várias pessoas participaram, dentre elas parentes e amigos do ex-aluno Brandão. Há pouco anos, o professor da UNEB José Roberto apresentou tese para o curso de Doutorado relatando a história do Colégio Rui Barbosa. Ele é ex-aluno e se emocionou quando foi convidado a relatar sobre alguns momentos passado pela unidade. “Estou emocionado. Falar do Rui Barbosa, é falar da história de Juazeiro. Foi por aqui que eu passei, sai para enfrentar a vida e hoje estou aqui neste momento lembrando dos bons momentos. Isso para mim é gratificante”.

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Por sua vez, o ex-aluno Anselmo Brandão discorreu de um longo relato sobre sua passagem pelo colégio, relembrou alguns momentos, fez questão de registrar nomes que ficaram marcados na história, e ainda se mostrou emocionado quando lembrou de figuras inesquecíveis.

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“Há 43 anos estudei aqui. Na minha época a Professora Luise era uma das mais elegantes, ela vestia um vestido lindo, era uma das colegas mais simpáticas da turma. Ele fez questão de dizer o do porque de sua visita. “Não é a figura do Coronel Anselmo que está aqui, mas um ex-aluno que tinha presentear minha casa com uma visita, um local que faz parte de minha educação onde aprendi muitas coisas na vida e hoje faço parte de uma Pilicia Militar centenário que comanda mais de 33 mil homens”.

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Parentes fizeram presente

Ele lembrou da antiga Juazeiro. “Durante a minha infância morava em uma Juazeiro que não tinha saneamento básico, iluminação pública, onde caminhávamos quilômetros para chegar ao colégio, em um sol escaldante, usando um kichute preto de plástico. Eu me lembro que naquela época no dia de muito calor, ele (kichute) era tão duro que arrancava pedaço do asfalto. A  nossa merenda era pick-nick   com sabor de groselha ou laranja (…) Eu fui criado numa roça, no bairro Alagadiço, era igual ao Alagados de Salvador onde tinha pessoas que nem usavam sandálias e nem por isso morriam. Eu me lembro que poucas casas tinha saneamento, iluminação”.

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Ele lembrou dos castigos. “Me lembro dos cascudos e palmatórias, mas sabia que não era para maltratar e sim para fazer com que aprendesse”. Além do Rui Barbosa, Anselmo passou por outros colégios. “Fui por um período para a Rua Antonio Antonio Pedro estudar com a Professora Rosalva, passando pelo Colégio Augustinho Muniz chegando ao Rui Barbosa. Na época o estudante tinha o desejo de sair do primário para ingressar no fundamental, isso porque no primário se usava calça curta e no outro calça comprida, e mesmo assim só tinha uma que ainda era usada para ir ao matinê. O mais engraçado que nossos pais não aceitavam calças gigantes, depois agente dava um ‘zignaw’ e comprava a calça que servia para festa (..) As recordações deste colégio são fantásticas”, registrou.

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Ele chegou a citar o nomes de alguns mestres que foram seus professores. “Eu me lembro da professora Esmelinda Pergentino que dava aula de português pegando os alunos e fazendo de personagens das obras literárias a exemplo dos contos de Machado de Assis, pois ela tinha uma sutileza fantástica. Tinha um professor de matemática chamado Edvaldo – figura emblemática. Em recuperação era um terror, sala cheia, e quando chegava era sem livro, nada, mandava o aluno fazer equação de segundo grau. Ele era considerado, terrível, mas tinha um outro professor chamado Cebolinha – que era paulista – que foi a salvação da turma. Já na 8ª série me identifiquei com a matéria Ciência Humanas que tinha a professora Ivonilde”.

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Anselmo afirmou que mesmo com todas as adversidades as pessoas acreditavam na escola pública. “Naquela época tinha escolas particulares boas a exemplo do Dom Bosco, Auxiliadora em Petrolina, mas nossos pais acreditavam nas escolas públicas.  Temos que valorizar a escola, agora temos que acabar com essa história que o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende. O nosso país não merece isso. Peço aos alunos que cobrem do seus professores os conteúdos. A profissão de médico, militar, enfermeiro ou professor é sacerdócio”. Ele fez um comparativo sobre o passado e o presente: “Os valores morais da sociedade hoje nos assusta. Em 1970 Juazeiro tinha uma delegacia de policia na frente do Estádio, com 4 ou 6 celas,   e naquela época a nossa diversão como meninos era visitar os presos. Uma cidade que não tinha esta violência, e os presos tomavam banho de sol na frente da delegacia com um soldado observando com um fuzil. Os maconheiros de Juazeiro eram contados nos dedos e todos sabiam, e hoje com os uso diversificado das drogas a coisa mudou. No Rui Barbosa quando se suspeitava de alguém, os alunos tinha como bicho papão, era um pavor. Hoje os costumes mudaram, as informações chegam mais rápido”.

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Ele lembrou do ex-diretor Raimundo Medrado Primo. “Eu me lembro do Doutor Medrado quando chegava para trabalhar de paletó, gravata, com a pasta e subia aquelas escadas. E nós co mo alunos fazíamos questão de dizer: ‘é o nosso diretor'”.

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Ele chegou ainda a focar a falta de estimulo e o relacionamento no meio social. “Muitas pessoas hoje apenas passeiam nas escolas, nos elevadores as pessoas não dão um bom dia, em reuniões de condomínios são poucas as pessoas que participam. Mas vocês jovem tem que acreditar em ser alguma coisa na vida no dia de amanhã”.

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No final da solenidade Anselmo se prontificou em ajudar o colégio levando os clamores à Secretaria Estadual de Educação e ao Governador. Ele recebeu das mãos da direção uma homenagem de todos que fazem parte do Colégio Rui Barbosa.

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