Até o dia 31 de outubro, Palmas, a capital do Tocantins, sedia a primeira edição dos Jogos Mundiais Indígenas, com cerca de mil atletas brasileiros e 700 vindos de países como Rússia, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Mongólia, Chile, Etiópia e Finlândia.
Os Jogos Indígenas já tiveram 12 edições nacionais, desde 1996, em diferentes cidades do país, com apoio do governo federal, patrocínio das prefeituras e, eventualmente, de estatais como Caixa Econômica e Eletrobras.
Mas o primeiro evento esportivo e cultural internacional foi ideia dos povos brasileiros terenas e pode impulsionar a criação de uma espécie de comitê para organizar as próximas edições no exterior.
Mais de 20 etnias brasileiras – como os Xerente (os anfitriões, do Tocantins), Bororo Boe (Mato Grosso), Asurini (Pará), Pataxó (Bahia) e Canela (Maranhão) – participam dos Jogos.
O evento, no entanto, também foi boicotado por etnias como os Krahô e os Apinajé, pelo que dizem ser um “momento difícil” para os povos brasileiros, com a demora na demarcação de terras, conflitos violentos com fazendeiros e invasões de territórios já homologados por madeireiros e garimpeiros.
Os Guarani-Kaiowá, presentes nos noticiários pelo alto índice de mortes relacionadas com conflitos pela terra no Mato Grosso do Sul, estão divididos: há delegação da etnia em Palmas, mas algumas lideranças também criticaram o evento em uma carta.
Os Jogos Indígenas misturam competições esportivas com modalidades de “demonstração”, em que povos fazem apresentações de alguns de seus esportes tradicionais, e atividades culturais.
Entre os esportes de competição estão o futebol masculino e feminino, o arco e flecha e a corrida com toras e a natação. Entretanto, os países não competem necessariamente em todas elas. Algumas serão disputadas só por brasileiros.
Os atletas são escolhidos pelos chefes de cada tribo convidada a participar dos Jogos.
Neste domingo, segundo a Agência Brasil, os indígenas da Mongólia impressionaram os espectadores em uma demonstração de destreza e precisão no arco e flecha.
Os mexicanos também jogaram a pelota mixteca, semelhante ao tênis, em que rebatem uma bola de 900 gramas para o time adversário com a ajuda de uma pesada luva de couro cheia de cravos de metal.
Já os brasileiros caiapós demonstraram o rõnkran, em que usam bastões para conduzir um coco de babaçu até o campo do adversário e ganhar pontos.
E os índios pataxós praticaram a corrida de maracá, em que revezam um chocalho tradicional.
Fonte: BBC Brasil