A acelerada marcha de Bolsonaro para a decadência

“Para além da pandemia e da economia, falta avaliar melhor quanto a campanha contra as urnas contribuiu para o fracasso de Bolsonaro”, diz Mario Vitor Santos

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Bolsonaro e urnas eletrônicas (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | REUTERS/Rodolfo Buhrer)

Por Mario Vitor Santos

Os bloqueios e acampamentos pedindo a volta da ditadura militar podem derivar para mais radicalização e violência. Usam uma tática insana, desesperada,, que agrega agora ações black blocs. O terrorismo conta com a inação e o incentivo das  forças de segurança e tem apoio de elementos e estruturas militares. Trata-se de um ensaio terrorista com apoio militar.

Os chamados à indisciplina e quebra da hierarquia emitidos de público até por comandantes da ativa aparecem aqui e ali, sem que se tenha notícia de punições exemplares, o que é indício da fervura golpista que impera intramuros.

O próprio presidente derrotado participa da operação extremista. Recluso quando interessa, seu silêncio é mais combustível para a agitação golpista. Em negação da derrota,  de um delírio, de uma aposta mais arriscada para ele do que para o país. Ele põe em questão mesmo o seu futuro como líder oposicionista.

Na frente política, há flagrantes inconsistências. Orientou seu partido, o PL, a apelar para a anulação do resultado das urnas. Seu pedido, patético de tão precário, limitou-se ao cancelamento do segundo turno.

Como se sabe, a trapaça não vingou por carecer de qualquer apoio nos fatos e por exibir a estreiteza de sua posição até mesmo entre seus apoiadores, vários deles eleitos pelas mesmas urnas que ele insiste em questionar.

Para além da pandemia e da economia, falta avaliar melhor quanto a campanha contra as urnas contribuiu para o fracasso eleitoral de Bolsonaro. Tendo sido a marca política de todo o seu mandato, ela foi decisiva para alimentar a rejeição ao presidente por uma população majoritariamente favorável às urnas e ao assim chamado sistema democrático, como indicam as pesquisas. Não há como vingar um governo orientado na política pelo lema do golpe.

Eleito, Lula vai tomar posse e governar. Será notado que Bolsonaro, recluso em seu palácio, ausentou-se do trabalho e da cena pública para animar uma marola incendiária. Vai se manter nesse caminho. A oposição a Lula, que poderia ser institucional e encarniçada, ameaça estreitar-se, politicamente, limitando-se às margens, isolando-se de setores menos selvagens da direita. Bolsonaro não para de dar combustível para a própria rejeição.

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