A arte de Candeia e a resistência do samba

O cantor e compositor carioca Antônio Candeia Filho (1935-1978) revela na letra de “Pintura Sem Arte” os dois momentos pelos quais passava, ou seja, ao mesmo tempo em que o sambista se mostra um homem amargurado por ter ficado paraplégico, ele procura demonstrar que tentará resistir, para vencer os seus infortúnios, conforme expressa na segunda parte da letra, onde aparenta encontrar essa força de resistência no samba. Para tanto, Candeia procurará discutir o sentido e o significado de se compor e cantar samba, enquanto razão de ser um sambista. Este samba foi gravado pelo próprio Candeia no LP Axé! Gente Amiga do Samba, em 1978, pela Atlantic/WEA.
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PINTURA SEM ARTE
Candeia
Me sinto igual a uma folha caída
Sou o adeus de quem parte
pra quem a vida é pintura
sem arte
A flor esperança se acabou,
O amor o vento levou
Outra flor nasceu é a saudade que invade tirando a
liberdade
Meu peito arde igual verão
Mais se é pra chorar, choro cantando pra ninguém me
ver sofrendo e dizer que estou pagando.
Não, não basta ter inspiração,
Não basta fazer uma linda canção
Pra cantar samba se precisa muito mais,
Samba é lamento, é sofrimento, é fuga dos meus ais
Por isto agradeço a saudade em meu peito
Que vem acalentando o meu sonho desfeito
Jardim do passado, flores mortas pelo chão
Pétala, semente de paixão.
(Poemas & Canções)

 

 

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