A cinco meses da Copa, situação das obras nos aeroportos preocupa governo
ANTONIO PITA
Após uma semana percorrendo seis aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo, o ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, admitiu que pelo menos um terminal não terá as obras de reforma e ampliação concluídas – a menos de cinco meses do torneio. O aeroporto de Fortaleza está com pouco mais de 25% das obras concluídas. Em Cuiabá, a situação também é classificada como “grave”.
“Claro que surpresa não foi”, resumiu o ministro, na última terça-feira, durante a inspeção em Fortaleza. Quem passa pelo terminal enfrenta um caos viário no acesso, falta de sinalização, além de um terminal com falhas de serviço. A prometida ampliação está ainda na fase de vigas e em substituição, uma estrutura provisória de lona será instalada no local.
As obras no Aeroporto Pinto Martins foram orçadas em R$ 311 milhões, e iniciadas ainda em junho de 2012. Estavam previstas a ampliação do terminal de passageiros, da área de embarque e desembarque e dos fingers (pontes que ligam as salas de embarque até as aeronaves). A capacidade projetada para o ano é de 8,6 milhões de passageiros, para um fluxo esperado de 6,8 milhões de turistas.
“Não é possível continuar com esse nível de desempenho das empreiteiras que ganham as licitações e não cumprem o cronograma”, afirmou o ministro. Segundo ele, a responsabilidade das falhas é das empresas, que poderão ser punidas. “Não penso em punição agora. O objetivo é resolver o problema.”
Em Fortaleza, as empresas que realizam a obra são as mesmas que venceram a licitação no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. As obras também estão atrasadas e devem ser assumidas pelas futuras concessionárias.
Além dos atrasos, os trabalhadores da obra realizaram uma greve no terminal na semana anterior à visita do ministro. Segundo o Sindicato da Construção Civil do Ceará, eles estavam com os salários atrasados e sem receber benefícios.
Segundo a Infraero, a estrutura provisória será semelhante à usada em Londres durante a Olimpíada de 2012 e também no sorteio dos jogos da Copa, na Costa do Sauipe, em novembro. O custo estimado é de R$ 3,5 milhões para a estrutura que terá bares, lanchonetes e lojas de conveniência. A mesma solução será usada em outros terminais, como Confins.
Outras capitais. Na capital mato-grossense, segundo o ministro, será preciso mais “empenho” para que as ampliações previstas sejam cumpridas. A obra é de responsabilidade do governo estadual e teve início em 2012. Dois anos depois, apenas 48% das reformas foram concluídas. “É um problema grave, mas que temos condições de superar”, avalia Franco.
Já em Salvador, parte das obras foi suspensa por determinação do ministro. As reformas ocupavam metade das áreas de check-in e estavam comprometendo a operação das empresas aéreas. No feriadão de ano-novo, houve filas e atrasos nos embarques. A decisão de suspender as obras, segundo Moreira Franco, serviu para “evitar o desconforto” dos passageiros durante o Carnaval.
“Certamente será um fluxo maior do que na Copa”, afirma. A previsão é que as obras fiquem prontas ainda em fevereiro. Quem passa pelo terminal, entretanto, enfrenta uma acesso desorganizado na área de desembarque, em função de obras inacabadas na área externa.
Segundo a Infraero, o projeto está com 90 dias de atraso. No terminal, a área de check-in ainda está parcialmente cercada com tapumes para a reforma.
O ministro percorreu também as cidades de Porto Alegre, Curitiba e Manaus, que não apresentaram problemas. Segundo ele, a preocupação com as cidades-sede, agora, é na operação especial durante o torneio e na inauguração de novas áreas no aeroporto.
Fonte: Estado de S. Paulo