A derrota de Rui Costa, o desgaste do ministro, o isolamento de Geraldo Jr. e o café da manhã indigesto de Jerônimo

Recado do Congresso a Rui
Tem sido crescente o desgaste do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Nesta semana, o ex-governador da Bahia sofreu aquela que é considerada a sua maior derrota até aqui com a derrubada, pela Câmara dos Deputados, do decreto presidencial que alterou a regulamentação do Marco Legal do Saneamento Básico. As mudanças assinadas por Lula tinham as digitais de Rui, que pretendia, com a medida, beneficiar a Embasa. A empresa baiana vem sendo alvo de críticas pela péssima qualidade dos serviços, inclusive em Salvador, onde a Prefeitura tem cobrado melhorias. A Embasa vem desrespeitando a competência do município e atua na capital baiana sem contrato há mais de uma década, ofertando um serviço ruim. As alterações impostas por Rui permitiam que empresas estatais prestassem serviços de saneamento sem licitação com os municípios em região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião. O decreto acabou sendo derrubado de goleada, por 295 votos a favor e 136 contra, tendência que deve ser mantida também no Senado.

Brasília não é Bahia
Parlamentares baianos que acompanharam intensamente os debates dizem que a derrota não é necessariamente do governo Lula, mas especialmente de Rui, que foi o principal fiador da proposta de alteração do marco do saneamento. Sob anonimato, eles dizem que nem mesmo lideranças governistas na Câmara trabalharam para salvar a proposta. “Foi uma derrota vexatória. O que se percebe é que a articulação do governo deu corda pra ele (Rui Costa) se enforcar. E foi exatamente o que aconteceu”, disse um deles. “Rui chegou em Brasília achando que estava na Bahia, onde tinha um Legislativo amigo e subserviente. Quis mudar uma lei por decreto e recebeu uma resposta forte da Câmara”, continuou outro, em conversa com a coluna. Para eles, o governo pode até trabalhar para salvar a pele de Rui no Senado, mas duvidam que isso aconteça.

Persona non grata
Um ministro do governo Lula revelou nesta quinta-feira (4) à coluna que Rui conseguiu ser uma unanimidade com os demais colegas da Esplanada. Uma unanimidade, contudo, negativa, por seu perfil autoritário. No Congresso a má fama do ministro é pior ainda. Isso porque o ex-governador da Bahia defendeu que os restos a pagar não fossem quitados para pressionar o Congresso, mas fracassou. Ele foi voto vencido em uma reunião interna da cúpula governista, derrotado pelos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) e pelo senador Jaques Wagner (PT).

Presente de grego
E por falar em restos a pagar, esta prática – considerada por muitos uma pedalada fiscal – que deveria ser apenas utilizada em casos excepcionais se transformou em política pública da gestão de Rui Costa na Bahia. Ao longo dos oito anos de governo Rui no estado, o aumento do volume de restos a pagar foi de 178%. No primeiro ano, foram R$ 714 milhões. Já em 2022, quando encerrou seu segundo mandato, a conta chegou a R$ 1,985 bilhão. Presente de grego para o afilhado político e aliado Jerônimo Rodrigues (PT).

Ombro amigo
Após a derrota de Rui, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Adolfo Menezes (PSD), foi a Brasília e aproveitou para fazer uma visita ao ministro. Na boca miúda, os mais maldosos disseram que Adolfo foi consolar o amigo após o revés sofrido na Câmara e lembrar a ele como eram bons os tempos de governador da Bahia, quando o Legislativo estadual dizia amém para tudo.

Fonte: Correio

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