À espera de diálogo

 

Por Juliana Albuquerque 

Com um efetivo de apenas 630 profissionais para atender a demanda por perícia criminal, em dez unidades espalhadas por todo o Estado, a Polícia Científica de Pernambuco busca um diálogo que, até agora, quase nove meses após o início da gestão Raquel Lyra (PSDB), não chegou.

De acordo com levantamento da Associação de Polícia Científica de Pernambuco (Apoc-PE), atualmente, a corporação tem uma vacância de 300 cargos, principalmente em laboratórios e unidades no interior do Estado. Isto sem contar com os 90 profissionais que atingem, neste ano, a idade para se aposentar, o que deve ampliar ainda mais o déficit.

Por isso, chama atenção que essa Polícia, imprescindível para a resolução de crimes, sequer tenha sido contemplada no recém-lançado plano para a redução da violência em Pernambuco, ironicamente batizado de ‘Juntos pela Segurança’.

Irônico, porque não há como estar junto sem escutar e dialogar com a força policial que, independentemente de bandeira partidária e de quem está à frente do Governo do Estado, vivencia diariamente a realidade e as falhas do sistema da área.

“Tentamos abrir esse diálogo, ainda em março, muito antes do lançamento do Juntos pela Segurança, mas até hoje não conseguimos uma só reunião com a então secretária Carla Patrícia, exonerada recentemente”, lamenta a presidente da Associação da Polícia Científica de Pernambuco (Apoc-PE), Camila Reis.

Segundo Reis, que protocolou, no início de agosto, logo após o lançamento do Juntos pela Segurança, um novo ofício solicitando diálogo com a gestão da SDS, a esperança da categoria está depositada na nova chefia da Secretaria de Defesa Social, pasta pela qual responde diretamente.

“De nada adianta ter uma Polícia Militar e uma Polícia Civil ativa, se não houver provas que garantam a correta punibilidade. Por isso, a nossa esperança é que a nova gestão da SDS tenha um caráter mais participativo e disposto a ouvir as nossas demandas para que possamos mostrar os prejuízos da ausência de uma política de Segurança Pública que não contempla a ciência”, pontua Reis.

Mais efetivo – O último concurso da Polícia Científica foi realizado em 2018, ano em que praticamente foi dobrado o efetivo da força. Essa ampliação permitiu também o aumento da presença desse tipo de polícia no Estado, que até 2017 contava apenas com três unidades operacionais, para dez, número que se mantém até o momento.

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