No ano de 1938, o proprietário de uma funilaria de quintal e exímio bandolinista amador OSMAR Macedo conhece o técnico eletricista e violinista amador DODÔ Nascimento, a dupla passa a frequentar a cena boêmia e de rádio amador da cidade de Salvador. Em 1946 os amigos conhecem um violinista argentino de passagem na cidade, que apresenta a novidade: o violão elétrico, inspirado num processo de tentativas e erros a dupla construir um instrumentos elétricos novo. Algumas fontes afirmam que as primeiras apresentações públicas acontecem em 1947, mas os registros mais corretos datam apresentação em rádios e bailes dos novos instrumentos elétricos em 1948, batizados de Paus-Elétrico.
Em Janeiro de 1950 a Orquestra do Bloco Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife, voltando de uma tournée pelo Rio de Janeiro, faz uma rápida apresentação em Salvador, já descem do navio (de algum Ita…) tocando, os populares ficaram tão agitados com a potencia sonora de uma orquestra de frevo, vista pela primeira vez ao vivo, que a apresentação virou um caos, deram empurrão no trombonista que feriu a boca, enfim tiveram que interromper a música no meio. Dodô e Osmar estavam presente e ficaram impressionados, Osmar chegou a comentar: “O frevo é o quente!” A parti daí Dodô e Osmar substituem seu repertorio formado basicamente de choros e marchinhas por frevos, inicialmente clássicos pernambucanos, como Vassourinhas, Luzia no Frevo, Ultimo Dia etc. e posteriormente um repertorio próprio, criado por eles, “um frevo novo”: Tainá, Manifesta, Double Morse (que tinha como introdução o código morse, e que posteriormente recebeu letra de Moraes Moreira, se tornando o sucesso nacional Pombo Correio), etc. Não por acaso no carnaval de 1950 Dodô e Osmar se juntam ao engenheiro civil pernambucano Temístocles Aragão formando TRIO ELÉTRICO e começam a desfilar tocando em cima de um carro, Ford Modelo T, apelidado Bica ou Forbica, com cornetas de som amplificadas, onde predominava os agudos.
O centro do carnaval de Salvador praticamente não tinha música, o Trio Elétrico chegou com tudo, assustando os cavalos do corso, junto uma multidão alucinada, fui um sucesso imediato, o carro chegou a quebrar, mas a massa continuou empurrando o veículo, que tinha como objetivo a Rua Chila e Praça Castro Alves, hoje o trajeto tradicional dos Trios. Nesse momento temos que destacar 03 fatos importantes:
01 – a invenção de um instrumento elétrico novo e brasileiro, pode até ter sido posterior a guitarra elétrica, mas foi independente, eles não sabiam da existência, como disse o nome original é Pau-Elétrico, esse negócio de Guitarra-Baiana só surgiu nos ano 70 como os Armadinho Macedo (exímio instrumentista, filho de Osmar), isso já é colonização.
02 – a utilização do veiculo como meio de comunicação e eventos, a Bahia tropical não inventou o tanque de guerra, mas um ‘tanque de festa’, que passou a ser utilizado para tudo nesse país, eventos profanos, políticos e religiosos (canalhas como Dilma, Bolsonaro e Valdemiro Santiago já subiram em Trios Elétricos para darem seus recados).
03 – a criação de uma nova abordagem carnavalesca, que mistura o que os especialista chamam de “carnaval espetáculo” exemplo as Escolas de Samba, com o “carnaval participação” exemplo os blocos de rua, com o Trio Elétrico nasce um carnaval híbrido.