A jovem que fez o Brasil chorar

Exemplo de vida

Veio de Santos, litoral paulista, a postagem mais emocionante no último fim de semana: o gesto amoroso da jovem Roberta Mascena, de apenas 25 anos, que exibiu, de surpresa, diante da mãe faxineira Marlene Cordeiro, por debaixo da sua beca de formatura, a roupa de trabalho dela, exatamente na hora dos registros para fotos e vídeos. Ao Frente a Frente de ontem, a jovem, agora formada em Pedagogia, confessou que foi a forma que encontrou para que sua mãe ficasse conhecida no resto do País.

“Queria mostrar para o Brasil essa pessoa especial, guerreira, que me deu tudo na vida, de quem tenho o maior orgulho”, disse Roberta. Marlene, a mãe, saiu cedo do sítio Pelo Sinal, em Afogados da Ingazeira, no Pajeú e das flores e do verso improvisado, com destino a São Paulo. Trabalhou como empregada doméstica e fez outros bicos para dar a filha o que não teve em vida: uma formação acadêmica.

Criou Roberta na pobreza, mas não na extrema miséria, conforme o G-1, site da Globo, de forma equivocada, quis chamar atenção na reportagem original. “Enfrentei muitas dificuldades para criar minha filha, mas nunca passei fome, graças a Deus”, desabafou Marlene. Formada, graças ao sangue e suor da sua mãe, Roberta já está trabalhando num hotel em Ubatuba para ajudar nas despesas de casa.

Ela quer ser, entretanto, educadora com um bom salário para dar uma vida mais confortável e digna à mãe. “Quero retribuir o que ela fez por mim a vida inteira e tenho fé em Deus que isso vai virar realidade”, desabafou. A foto de Roberta, abraçada a mãe com o uniforme de faxineira, varreu o mundo e comoveu o Brasil. Foi, sobretudo, uma lição aos jovens alienados pelo lado mortífero da internet, que dispõem de bens, famílias abastadas, mas não dão valor aos estudos.

A dor, a pobreza e as dificuldades inerentes de quem sai do Sertão rumo ao Sul Maravilha num pau de arara exercem um papel importante. Ela acrisola, aprimora, prepara melhor para a vida. Para Roberta, mais importante que o diploma que a sua mãe lhe deu foi lidar com as diversidades, respeitando o livre arbítrio de cada um. Perguntar a importância da educação a esta jovem de beleza irradiante é o mesmo que perguntar por que precisamos nos alimentar. Parece uma analogia sem sentido.

Feliz com a repercussão do gesto da filha Roberta, a pajeuzeira Marlene diz que a verdadeira alegria de uma mãe é ver a felicidade dos filhos estampada no rosto, reluzindo o orgulho de tê-la como mãe, uma mãe guerreira, obstinada, de sangue e espirito sertanejos. Não dá para não cair no lugar comum: o sertanejo é antes de tudo um forte, como Euclides Cunha deixou para posteridade.

Por: Magno Martins

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