Opinião
O Globo deu como certa, ontem, a filiação da governadora Raquel Lyra ao PSD, travessia que vem se cogitando desde a sua eleição, em 2022. Há uma lógica em trocar de partido, optando pelo PSD, do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Mas também um risco. Raquel quer apoiar a reeleição de Lula, de quem se aproximou efetivamente por meio do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia.
E Kassab, hoje principal auxiliar do governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos), torce e trabalha nos bastidores pela candidatura do chefe ao Palácio do Planalto, fazendo contraponto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cujas chances de readquirir seus direitos políticos são perto de zero. O que move Raquel a deixar o PSDB é o fim melancólico da legenda, não em Pernambuco, onde elegeu o maior número de prefeitos, mas em nível nacional.
Partido que protagonizou a política brasileira junto com o PT nos anos 1990, 2000 e começo dos anos 2010, o PSDB não elegeu um só prefeito de capital nas eleições municipais deste ano. Há quatro anos, havia conseguido emplacar quatro. Era a segunda legenda com mais prefeitos em capitais, atrás apenas do MDB. Neste ano, os tucanos só elegeram dois prefeitos em primeiro turno nas 103 maiores cidades brasileiras, aquelas que têm mais de 200 mil eleitores — Santo André (SP) e Caruaru.
O partido já vinha definhando municipalmente mesmo antes da eleição. Das 17 grandes prefeituras que conquistou há quatro anos, só manteve dez. O maior símbolo do fiasco está em São Paulo, cidade em que o PSDB venceu nas duas últimas eleições, com João Doria em 2016, no primeiro turno, e Bruno Covas em 2020.
Neste ano, o deputado federal Aécio Neves (MG) e o presidente da legenda, Marconi Perillo, que são alguns dos poucos líderes históricos que restam no partido, patrocinaram a filiação e a candidatura de José Luiz Datena, que antes havia se filiado ao PSB, com a perspectiva de ser vice na chapa de Tabata Amaral.
Completando uma dezena de partidos em menos de dez anos, Datena havia antes ensaiado por quatro vezes se candidatar a um cargo eletivo, sempre desistindo na última hora. Desta vez foi até o final, mas amargou a quinta colocação na disputa, com 112.344 dos votos, o equivalente a 1,84% do total. O próprio ex-apresentador qualificou seu desempenho como “péssimo” e “horrível”.
Por: Magno Martins