A política tem seus limites

Opinião

As primeiras pesquisas da disputa do segundo turno em São Paulo, apontando para a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), tende a reafirmar que nas eleições municipais, tanto no primeiro quanto no segundo turno, a centro-direita sai vitoriosa, e o Centrão mostrou estar mais vivo do que nunca, ocupando cada vez mais espaço nas casas legislativas e no debate público.

Mostram também que o bolsonarismo, que há poucos anos ditava o tom, deu lugar a discursos repaginados da velha política, numa tentativa de se renovar sem, de fato, trazer algo novo. O campo progressista foi profundamente atingido. As eleições paulistas elevaram a lógica depreciativa da política a outro patamar. Ataques pessoais, ofensas dignas de pré-escola e crimes de falsificação se tornaram parte central do discurso eleitoral.

Contudo, a maioria do eleitorado paulista deu um recado forte nas urnas: desinformação, violência e discurso de ódio não serão aplaudidos. A ascensão e queda vertiginosa de candidaturas como a de Marçal no primeiro turno ilustram exatamente o que não deve ser feito. O “vale-tudo” da política que se tornou prática comum desde 2018, está sendo finalmente rechaçado pelo eleitorado.

Alguns enxergam o aceno à centro-direita como uma radicalização política, mas é possível analisar que, após anos sufocantes de uma política de violência e degradação, o Brasil — conservador em sua maioria — começa, lentamente, a rejeitar esses discursos. Desde 2018, campanhas baseadas no ódio e em fake news se tornaram ferramentas efetivas, mas, agora, estão levando seus candidatos a explicações no Judiciário.

Muitos enfrentam o risco de inelegibilidade, condenados por abuso de poder e, possivelmente, classificados como “fichas sujas”. Para esses, 2024 pode marcar o fim de suas trajetórias políticas. O recado das urnas é claro: tudo tem limite.

VISÃO DO PARLAMENTARISMO – No campo das candidaturas ao parlamento, o que se viu na maioria das capitais foi um crescimento de figuras negras, indígenas, quilombolas, LGBTQIAPN+, e outras representações populares. No entanto, essas novas vozes ainda enfrentam a resistência das velhas forças retrógradas, que insistem em manter as sombras do retrocesso dentro das casas legislativas. O segundo turno começou com uma luta árdua, uma tarefa morro acima contra a correnteza do conservadorismo.

Por: Magno Martins

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *